Finance Summit 2025

Eventos dos EUA estão precificando o real, diz especialista

Eventos políticos domésticos dos EUA estão sendo mais impactantes do que grandes conflitos mundiais.

Matheus Zani, diretor de riscos da Deaglo, foi um dos palestrantes da Deaglo (Foto: reprodução/LinkedIn)

A moeda brasileira está passando por reveses em relação aos seus pares internacionais e Matheus Zani, diretor de riscos da Deaglo, explica que eventos políticos domésticos dos EUA estão sendo mais impactantes do que grandes conflitos mundiais.

Durante um entrevista concedida ao BPMoney durante o evento Finance Summit 2025, realizado em São Paulo, Zani explicou que, atualmente, os fatores domésticos dos EUA estão sendo muito mais marcantes nos fenômenos relacionados ao câmbio, já que os outros países acabam sendo fortemente influenciados pelo dólar dos EUA.

Durante a palestra no evento, Matheus Zani ressaltou os fatores que estão fundamentando a precificação do mercado. Entre os pontos citados, estava a eleição de 2026. “A gente está vendo muita movimentação política já nesse campo, vendo discussões em termos de ações sociais, programas sociais, a solidez desse ajuste fiscal. Isso, de fato, vai começar a ser precificado mais e mais conforme a gente vai avançando no período que antecede as eleições presidenciais. Mas, em geral, acho que é uma combinação de efeitos movimentos internos e externos com maior peso para movimentos domésticos”, declarou.

“O que a gente está vendo de mercado internacional sendo precificado na moeda é justamente o comportamento da economia americana, o comportamento das ações do Trump”, explicou. “O mercado precificou muito as potenciais políticas, as potenciais ações administrativas do Trump, onde naquela ocasião havia muito otimismo da economia americana, Make American Great Again.”

O otimismo do mercado mundial em relação à economia americana acabou impulsionando o dólar, fazendo com que a moeda ganhasse valor no mercado internacional e, por consequência, a depreciação do real. Conforme os anos de gestão Trump foram passando, o otimismo inicial foi se diluindo.

“A falta de concretização dessas políticas conduziram o mercado a reavaliar todo esse cenário, reavaliar esse otimismo e a gente está vendo que está indo ao contrário, um movimento contrário, onde a moeda americana está perdendo valor agora, se a gente pega vários índices, a moeda americana está perdendo mais de 7%, 8% nesse curto espaço de tempo.”

A desvalorização do dólar causada pela desilusão com as políticas de Donald Trump, atualmente cotado por volta dos R$ 5,50, abriu o tapete vermelho para o fortalecimento da moeda brasileira.

Os conflitos bélicos – como o que ocorreu entre Israel e Irã, o recrudescimento da questão entre Israel e Palestina, e entre Ucrânia e Rússia – acabam impactando muito mais nos movimentos acionários do que na precificação do real e do dólar, disse Matheus Zani. “A gente está vendo muitas bolsas mundiais relacionando negativamente as notícias dos conflitos bélicos, todo esse desdobramento e também o mercado de commodities, principalmente energia, petróleo. A gente está vendo que está tendo uma movimentação bastante significativa”.