O economista-chefe do Banco Master afirmou nesta terça-feira (2), em resposta ao BP Money, que avalia positivamente a intervenção do BC (Banco Central) no mercado cambial nacional, através do leilão adicional de até 20 mil contratos de swap cambial.
“Eu acho que o BC está certo em suprir o mercado com isso. Não há nenhum objetivo de definir nível de taxa de câmbio, só de atenuar a volatilidade. Acho que a intervenção é perfeitamente correta porque o BC deveria fazer isso mesmo”, afirmou o economista-chefe.
Gala destacou que o objetivo principal é oferecer segurança contra flutuações extremas do dólar em relação ao real, conhecido como hedge cambial, ao mesmo tempo em que garante liquidez ao mercado nacional.
“Eu acho que a intervenção é correta, o objetivo é reduzir a volatilidade, tem vencimento de 3,7 bilhões de dólares de NTNA indexada em câmbio no dia 14 de abril, que é uma demanda por dólar, uma demanda de compra de dólar atípica”, avaliou.
BC faz 1ª intervenção cambial
Na noite da última segunda-feira (1º), a BC divulgou que irá disponibilizar US$ 1 bilhão no mercado nacional na terça-feira (2) para conter as oscilações do dólar, que encerrou o primeiro dia útil da semana cotado a R$ 5,06.
Essa será a primeira intervenção no mercado de câmbio do governo Lula, a última ocasião foi em 27 de dezembro de 2022. Na época foi realizada uma operação de venda de dólares com a promessa de recompra, também conhecida como leilão de linha.
No contexto das conversas entre os participantes do mercado financeiro sobre a política monetária dos EUA, o dólar comercial encerrou o dia a R$ 5,06 nesta segunda-feira, 2 de abril de 2024.
O economista-chefe salientou a necessidade da interferência do BC, ressaltando a economia norte-americana. Nos últimos dias o mercado acompanhou uma significativa elevação na taxa do título do Tesouro americano com vencimento em 10 anos, devido aos dados de inflação ao consumidor nos EUA em janeiro que superaram as expectativas.
Esse desempenho levou o mercado a antecipar uma possível postergação da redução da taxa básica de juros pelo Fed (Federal Reserve), banco central norte-americano, neste ciclo.
“O contexto que está complicado nos últimos dias com a alta do juro nos Estados Unidos atrás de 10 anos, acima de 4,30 na máxima do ano, bem acima daquele 3,80 que a gente viu na virada de 2023 para 2024, com o mercado agora achando que o corte de juros pode vir só em julho nos Estados Unidos, não em junho” disse.
Efeitos das intervenções cambiais sobre a taxa de câmbio
Luiz Bazzo, CEO e fundador do transferbank confirmou, em resposta ao BP Money, o tom positivo da interferência da autarquia monetária no mercado cambial. Ele explicou que, em geral, as intervenções do BC no câmbio podem ser vistas como positivas em situações em que o mercado cambial está sujeito a volatilidade excessiva ou movimentos especulativos que podem prejudicar a estabilidade econômica.
Ainda segundo sua análise, intervenções pontuais podem ajudar a suavizar os movimentos bruscos da taxa de câmbio e a fornecer uma maior previsibilidade para os agentes econômicos.
“No entanto, entendo que seria negativa a minha opinião, caso a intervenção fosse excessiva ou mal coordenada pelo BC, especialmente se for percebida como interferência excessiva nos mecanismos naturais de mercado ou se gerar distorções a longo prazo”, completou.
Bazzo ainda reitera que as intervenções costumam ter impactos imediatos e temporários, atuando para estabilizar a moeda ao diminuir a volatilidade e prevenir oscilações extremas.
“As intervenções têm efeitos bem pontuais e de curto prazo, que ajudam a estabilizar a moeda, reduzindo a volatilidade e evitando movimentos extremos”, disse.
Taxa de câmbio: como funciona e o que influencia
A taxa de câmbio é um indicador crucial que representa o valor de uma moeda em relação a outra, sendo determinada pelo preço em que uma moeda pode ser trocada por outra.
Essa taxa não apenas reflete a relação quantitativa de troca entre moedas, mas também desempenha um papel fundamental nas relações comerciais e financeiras entre países, influenciando diretamente o volume de negociações com base em se está valorizada ou desvalorizada.
A determinação da taxa de câmbio é resultado de uma interação complexa de fatores econômicos e políticos, respondendo à oferta e demanda de uma moeda no mercado.
Decisões políticas, questões econômicas, taxa de juros, comércio exterior, fluxos de capital e inflação são algumas das influências que moldam a taxa cambial, impactando não só transações comerciais internacionais, mas também investimentos e outras variáveis econômicas.
No Brasil, a taxa de câmbio é flutuante, ou seja, seu valor é determinado pelo mercado, seguindo a dinâmica de oferta e demanda de moeda estrangeira. O Banco Central pode intervir no mercado cambial utilizando suas reservas para influenciar as negociações, mas não estabelece um valor fixo para o Real em relação ao Dólar, deixando a taxa cambial sujeita às forças do mercado.
Assim, movimentos como entrada ou saída de capitais podem afetar diretamente a valorização ou desvalorização do Real frente a outras moedas estrangeiras.