O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, declarou nesta terça-feira (13), que o mundo está passando por um processo de “desinflação” e que o principal questionamento é sobre o futuro econômico dos Estados Unidos. “A gente trabalha com cenário de desaceleração nos EUA de forma mais organizada”, disse.
“Se a gente tiver uma desaceleração americana lenta e organizada, a gente não deve passar por esse movimento de desorganização que o mercado teme”, afirmou Campos Neto, durante sua participação na audiência pública nas Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Campos Neto vê crescimento
O presidente do Banco Central afirmou que o Brasil conseguiu um crescimento superior ao previsto, com indicadores de emprego “muito positivos” e sem grandes impactos nos custos dos serviços até o momento. No entanto, ele começa a observar uma diminuição na pressão inflacionária.
“A gente vem com uma inflação que vem convergindo para a meta. A gente teve alguns ciclos de alta, mas quando olha o movimento mais longo, convergindo [para a meta no Brasil]”, disse, em audiência pública nas Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Campos Neto observou que, mais recentemente, o aumento dos custos de entrega de alimentos tem impulsionado a inflação, uma tendência que também tem afetado outros países da América Latina. “Inflação implícita começou a subir, mas recentemente parece que está se estabilizando”, disse.
Ele destacou que a taxa de juros neutra no Brasil é superior à de outros países e reconheceu que os juros no país “são absurdamente altos”.
“Ainda é verdade que as taxas de juros no Brasil são absurdamente altas, mas a gente quer mostrar que ao longo do tempo a gente tem conseguido trabalhar com taxas de juros mais baixas”, afirmou. “Se a gente olhar [o período] mais recente, de 2019 e 2024, a gente teve a menor inflação no período com a menor taxa de juros”, disse.
Ele explicou que as elevadas taxas de juros no Brasil são resultado da baixa taxa de recuperação de crédito, que está apenas acima da Turquia e Angola. “Isso se transforma em um spread [diferença entre taxas] mais alto”, comentou.
Além disso, Campos Neto mencionou que a taxa de poupança no Brasil é inferior à de outros países e que a relação dívida/PIB é elevada.