O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou na noite de sexta-feira (19), que embora a recente reprecificação no mercado brasileiro seja principalmente atribuída ao cenário externo, parte desse movimento está relacionada à mudança da meta fiscal do governo. Ele destacou que a autarquia precisa de tempo para compreender os efeitos disso em sua função de reação.
Nos últimos dias, as taxas futuras de juros e o dólar têm registrado alta no Brasil, seguindo a percepção, também refletida na curva de juros norte-americana, de que o Federal Reserve (Fed) adiará o início do processo de redução das taxas de juros.
No Brasil, outro fator que começou a impulsionar as taxas e o dólar foi a decisão do governo Lula de reduzir a meta fiscal para 2025, de um superávit de 0,5% do PIB para um resultado primário zero.
Curva de juros
Diante desse cenário, nos últimos dias, a curva de juros brasileira começou a precificar um corte de apenas 0,25 ponto percentual da taxa básica Selic em maio, em vez dos 0,50 ponto percentual que vinham sendo indicados pelo Banco Central. A taxa Selic atualmente está em 10,75% ao ano.
Durante um evento com investidores em Washington na noite desta sexta-feira, Campos Neto afirmou que o Banco Central precisa de tempo para compreender o significado da reprecificação para a função de reação da instituição.
Ao mesmo tempo, ele reforçou a mensagem de que não há uma “relação mecânica” entre mudanças na área fiscal e a política monetária.
“É preciso olhar como a reprecificação afeta a função reação”, afirmou Campos Neto.
Incerteza global pode fazer Copom rever cenário, diz Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto disse que em meio a mudança na meta fiscal para o ano de 2025, somado à expectativa de adiamento, além do previsto, do início de ciclo de corte dos juros norte-americanos, acredita que pode vir a rever o cenário-base.
No cenário de incerteza global, Campos Neto disse que toda projeção feita pelo Copom (Comitê de Política Monetária) vem acompanhada do alerta de que a perspectiva pode ser alterada se as condições apresentarem mudanças.
“[Se a situação mudar muito] podemos avaliar […] não é nada novo. Não posso falar mais que isso, precisamos esperar e ver como as variáveis evoluem daqui para a próxima reunião”, disse o presidente da autarquia monetária se referindo às próximas deliberações do Copom, que acontecem entre os dias 7 e 8 de maio.