Campos Neto: "BC fez um bom trabalho de pouso suave"

Uma semana após o BC iniciar cortes na Selic, Campos Neto diz ser difícil encontrar outro país com resultados tão eficientes de política monetária

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante uma audiência pública realizada pelo Senado Federal, reconheceu o trabalho de política monetária feito pela autarquia. No entanto, chamou atenção para níveis ainda elevados de preços no setor de serviços como fator a ser monitorado no combate à inflação.

Nesse sentido, uma semana após o Banco Central reduzir em 0,5  ponto percentual a Selic, dando início  a um ciclo de queda da taxa de juros, Campos Neto ressaltou que a instituição foi uma das poucas no mundo a conseguir gerar convergência da inflação a custos, na sua avaliação, baixos para a sociedade.

“O Banco Central fez um bom trabalho em termos de pouso suave, de trazer a inflação para baixo com o mínimo de custo possível”, afirmou. Campos Neto apresentou uma comparação com os resultados colhidos mundo afora no mesmo período.

De acordo com os dados do Banco Central brasileiro, entre 2022 e 2023, a inflação doméstica caiu 8,7 pontos percentuais, enquanto as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) subiram 0,3 ponto. Na média dos emergentes, a inflação caiu 1,9 p.p. e as projeções para o PIB, 4,4 p.p.. Já no caso das economias mais avançadas, os dois indicadores recuaram 4 p.p. e 2,4 p.p., respectivamente.

“O Brasil se destaca claramente em uma relação de queda de inflação e pouco dano ao PIB e ao emprego. Temos dificuldade de achar outro país que tenha feito isso com essa eficiência”, destacou.

Explicação de Campos Neto

De maneira didática, Campos Neto procurou elucidar aos parlamentares os elementos que o Banco Central leva em consideração ao deliberar sobre o aumento ou diminuição da taxa básica de juros. O presidente do BC mencionou as perspectivas de inflação delineadas por agentes econômicos e analistas tanto internos quanto da própria instituição, junto aos indicadores subjacentes que indicam projeções para o comportamento futuro dos preços.

“Quando eu tomo uma decisão de política monetária hoje, ela leva de 12 a 18 meses para fazer efeito. Então, não consigo tomar uma decisão de política monetária olhando [só] a inflação corrente. Tenho que olhar qual é a expectativa de inflação à frente”, afirmou Campos Neto.

Por fim, o presidente do Banco Central ressaltou que, quando olhamos os segmentos de inflação, no caso do Brasil o que preocupa hoje um pouco mais é a inflação de serviços, que tem caído, mas muito lentamente. “Ela preocupa especialmente quando afeta uma inflação de salários. Não temos visto isso ainda. Temos até visto uma melhora recente na inflação, apesar do núcleo da inflação de serviços ainda estar alta”, pontuou Campos Neto.