Efeitos do tarifaço

Carne dispara nos EUA e bate recorde com tarifa sobre exportações brasileiras

Hambúrgueres e churrascos ficam mais caros; Brasil, maior fornecedor, é alvo de tarifa de 50%

Foto: Unsplash
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Os preços da carne bovina nos EUA atingiram máximas históricas em julho, impulsionados pela combinação de oferta doméstica reduzida e tarifas de importação impostas pelo governo Donald Trump.

O impacto já chega às churrasqueiras e às redes de fast-food, que enfrentam custos mais altos para hambúrgueres e bifes.

Segundo o BLS (Departamento de Estatísticas de Trabalho), o preço médio da carne moída alcançou US$ 6,34 por libra (cerca de R$ 76 por quilo), enquanto bifes crus chegaram a US$ 11,88 por libra (R$ 143/kg).

Um ano antes, os valores eram de US$ 5,62/lb (R$ 68/kg) e US$ 10,86/lb (R$ 60/kg), respectivamente. Em 12 meses, o índice de carne bovina e vitela acumula alta de 11,3%.

Estoques baixos e tarifas pesadas

O USDA (Departamento de Agricultura) estima que o rebanho americano caiu para 94,2 milhões de cabeças, contra 94,4 milhões em 2020.

A produção prevista para 2026 deve ser de 31,1 bilhões de libras, o menor volume desde 2019.

O quadro ficou mais crítico com a decisão da Casa Branca de impor tarifas de 50% sobre a carne brasileira, que respondeu por 27% das importações dos EUA em 2025.

O USDA já revisou para baixo as projeções de importações para este e o próximo ano, citando os menores embarques do Brasil.

“Não há alternativa imediata capaz de substituir o fluxo brasileiro. Austrália e outros exportadores não têm volume suficiente para cobrir essa lacuna. O resultado será uma disputa mais intensa por cortes magros, essenciais para hambúrgueres”, disse Wesley Batista Filho, CEO da JBS USA, ao Wall Street Journal.

Fast-foods na pressão

A falta da gordura importada do Brasil obrigou grandes redes de fast-food a recorrer a cortes nobres do gado americano, como o round primal (parte traseira), para compor a carne moída. Isso deve encarecer também bifes e churrascos.

“Esse lean vai ter que vir de algum lugar. As coisas vão ter que se ajustar”, afirmou Batista Filho.

Com estoques baixos, demanda firme e tarifas sobre o Brasil, especialistas avaliam que os preços devem continuar pressionados nos EUA até pelo menos 2026.