O Carrefour (CRFB3) vendeu 11 lojas da rede Nacional para o grupo gaúcho Osmar Nicolini, em transação de menos de R$ 50 milhões concluída na terça-feira (17), apurou o “Valor Econômico”. O movimento faz parte do plano do Carrefour de se desfazer de supermercados no Sul e Sudeste.
O grupo também tem planos de vender todas as 64 lojas das redes Nacional e Bompreço ainda na primeira metade de 2025, por cerca de R$ 400 milhões. O Carrefour controlava as marcas desde que adquiriu o Grupo Big, em 2021.
A venda das lojas do Nacional ao Osmar Nicolini ainda precisa ser aprovada pela Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e passar por negociações de locação dos imóveis.
As unidades do Nacional e Bompreço também já passaram pela gestão da portuguesa Sonae, da americana Walmart e da holandesa Ahold.
As lojas vendidas estão localizadas nos municípios de Alegrete, Bagé, Camaquã, Dom Pedrito, Pelotas, Rosário do Sul, Santa Cruz, Santa Maria, Santa Rosa e São Borja. O grupo Osmar Nicolini deve manter o total de funcionários.
Carrefour: europeias podem ficar mais cautelosas após boicote
Os desdobramentos do boicote do Carrefour à carne do Mercosul sugerem que outras empresas europeias com vínculos com a América do Sul devem adotar uma postura mais cautelosa, avalia o advogado especialista em Políticas Públicas Marcello Rodante.
O Carrefour anunciou que ia parar de comprar carnes do Mercosul no dia 20 de novembro. A decisão do grupo foi tomada em solidariedade ao agronegócio francês, que é contrário ao acordo comercial entre Mercosul e UE (União Europeia).
Junto com a decisão, o CEO da companhia, Alexandre Bompard, afirmou que o acordo traria “risco da produção de carne que não cumpre com seus requisitos e padrões se espalhar pelo mercado francês”, colocando em dúvida o padrão de qualidade das proteínas da organização sul-americana.
Bompard teve que pedir desculpas por suas declarações, após a interrupção do fornecimento de carne bovina às lojas do grupo Carrefour no Brasil, como resposta ao boicote francês.
De acordo com Rodante, essas consequências negativas devem fazer empresas europeias pensarem duas vezes antes de anunciar boicotes ou interrupções drásticas.
Em vez disso, elas devem optar por buscar engajamento mais direto com seus fornecedores, para promover melhorias em práticas ambientais e sociais, sem comprometer suas cadeias de suprimento.