A Justiça de São Paulo (SP) aceitou, na quarta-feira (3), o pedido de recuperação judicial da Casa do Pão de Queijo.
A rede de cafeterias protocolou o pedido na última sexta-feira (28), alegando uma dívida de R$ 57,5 milhões.
Deste montante, R$ 244,3 mil são dívidas trabalhistas, R$ 55,8 milhões correspondem a credores quirografários, que não possuem garantias, e R$ 1,3 milhão são devidos a microempresas e empresas de pequeno porte.
A ação judicial também revela que a dívida que não está sujeita ao processo de recuperação judicial totaliza R$ 53,2 milhões, além de um passivo tributário de R$ 28,7 milhões. A Casa do Pão de Queijo argumenta que a pandemia teve um impacto severo em seus negócios.
Problemas com uma parceria comercial agravaram a situação, e a inundação do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde estão localizadas quatro de suas lojas mais lucrativas, contribuiu significativamente para a crise.
A tragédia climática resultou em um prejuízo financeiro de R$ 1 milhão por mês em vendas e uma redução no Ebitda de aproximadamente R$ 250 mil mensais.
“Sem previsão de retorno à normalidade, a empresa teve que demitir 55 funcionários, agravando ainda mais a crise.”
Endividamento em massa: pedidos de RJ saltam 140% em dois anos
Os números de pedidos de recuperações judiciais têm registrado altas acentuadas ao longo da última década. Levando em consideração somente os últimos dois anos, o número de empresas que buscam o “remédio judicial” apresentou um radical salto de 140% de solicitações deferidas.
Os dados analisados pela reportagem foram extraídos do Relatório de Falências e Recuperações Judiciais da Serasa Experian, que considera os quatro primeiros meses de cada ano no intervalo entre 2006 e 2024.
O endividamento em massa acaba sendo uma consequência do cenário macroeconômico nacional, que afeta diretamente as empresas, sejam elas grandes, médias ou de pequeno porte.
“Frequentemente as empresas que acabam distribuindo pedidos de recuperação efetivamente necessitam do remédio judicial. O grande problema costuma residir na demora da tomada de decisão, justamente por ser um tema difícil para o empresário”, afirmou o advogado especializado em Direito Empresarial e sócio do Oliveira e Nepomuceno Advogados.
De acordo com Regina Helena Couto, economista especializada em análise setorial, as empresas brasileiras estão enfrentando uma combinação de fatores que impactou negativamente a geração de caixa e as margens operacionais, “culminando em um movimento de forte expansão das recuperações judiciais”.
“A economia brasileira passou por desafios significativos nos últimos anos, com dois períodos recessivos marcantes”, destacou a especialista.