Em recuperação extrajudicial

Casas Bahia (BHIA3): em meio a desafios, ação ainda vale a pena?

De acordo com o dado revelado pela B3, entre as ações mais aplicadas está o ticker BHIA3

Casas Bahia/Reprodução
Casas Bahia/Reprodução

As ações ordinárias das Casas Bahia (BHIA3) estão entre as preferidas na carteira dos investidores brasileiros. De acordo com o dado revelado pela B3, obtidos pela reportagem, entre as ações mais aplicadas está o ticker BHIA3.

O curioso é notar que essa investida nas ações da varejista se dá em meio a um cenário de e recuperação extrajudicial. Não bastando, a companhia pertence ao setor cujo desempenho tem sido fortemente afetado pelo cenário econômico nacional nos últimos anos.

O analista Hulisses Dias, destaca ao BP Money que no último trimestre do ano passado, houve um otimismo no mercado devido à redução da Taxa Selic e às perspectivas positivas para 2024. No entanto, os primeiros meses de 2024 alteraram esse cenário. 

“Mesmo com a Selic baixando no ano, os juros futuros sobem forte e o ciclo de redução foi interrompido pelo BC na última reunião. Essa conjuntura torna o cenário de recuperação da Casas Bahia cada vez menos provável”, disse.

Dias recomenda cautela ao investir no setor varejista e sugere que, no momento, há empresas em outros setores menos arriscados com ações negociando a preços atrativos. 

No entanto, ele monitora Magazine Luiza e Lojas Renner, vendo a primeira como mais estruturada e com perspectivas menos negativas em comparação com as Casas Bahia e Americanas. Lojas Renner, por sua vez, negocia a múltiplos abaixo de sua média histórica, diferentemente dos anos anteriores quando era preferida por muitos investidores.

O especialista em finanças e investimentos Hulisses Dias explica que muitos investidores apostaram na recuperação das Casas Bahia entre 2019 e 2021, principalmente durante o ciclo de alta da bolsa. 

As ações tiveram fortes altas em 2019 e 2020, atraindo a atenção do mercado. No entanto, ele destaca que a partir de 2021, com a elevação das taxas de juros e a deterioração do cenário macroeconômico, o setor varejista foi severamente impactado, especialmente as empresas em reestruturação, como as Casas Bahia. As ações, portanto, sofreram quedas significativas desde então.

Dias observa que boa parte dos investidores mantém ações das Casas Bahia não por acreditar na empresa, mas pela dificuldade em realizar posições perdedoras. 

Há também aqueles que continuam comprando ações na esperança de que voltem aos preços anteriores, buscando baixar o preço médio de compra. Contudo, ele considera essas atitudes irracionais, especialmente dado o cenário desfavorável.

Para o economista Natale Papa, vários fatores podem tornar as ações das Casas Bahia atrativas. Ele menciona a forte marca da empresa, sua ampla presença nacional e suas estratégias de expansão e modernização, especialmente no e-commerce. 

De acordo com o profissional, esses elementos geram expectativas positivas entre os investidores. Além disso, ele destaca o potencial de valorização das ações, caso estejam subvalorizadas devido a problemas temporários.

O especialista também enfatiza que sinais de recuperação financeira podem atrair investidores. Ele acredita que a manutenção das ações pode ser motivada pela expectativa de reestruturação bem-sucedida, valorização a longo prazo, confiança na gestão e possíveis aquisições ou parcerias estratégicas.

Oportunidades e desafios da varejista

Papa considera que melhorias no ambiente econômico, investimentos em inovação e digitalização, e soluções de crédito podem trazer esperança para os investidores. Ele argumenta que ajustes operacionais e diversificação de produtos e serviços também podem contribuir para um desempenho financeiro melhor.

Em relação ao interesse nas ações das Casas Bahia, Papa vê isso como uma aposta de alto risco e alta recompensa. Ele recomenda que os investidores avaliem o risco, retorno e liquidez pretendida em suas decisões. 

Para o setor de varejo, Papa sugere Magazine Luiza, Lojas Renner e Americanas, destacando a resiliência e capacidade de adaptação dessas empresas ao ambiente econômico desafiador.