Cemig (CMIG4) terá 4T22 positivo, mas precisará mostrar mais em 2023

Balanço do quarto trimestre de 2022 da Cemig não deve surpreender

A Cemig (CMIG4), uma das maiores empresas de energia do Brasil, divulgará nesta quinta-feira (16) seu balanço do quarto trimestre de 2022. Segundo analistas consultados pelo BP Money, a estatal, conhecida por agraciar seus investidores com bons dividendos, seguirá a mesma tendência dos últimos resultados trimestrais e apresentará mais um balanço positivo. 

José Augusto Gaspar Ruas, economista e coordenador do curso de Ciências Econômicas da FACAMP, explica que, como o consumo de energia no Brasil aumentou nos últimos três meses do ano anterior, os resultados da Cemig e de outras companhias elétricas no quarto trimestre podem ser beneficiados por esse aumento na demanda. 

“O último trimestre de 2022 não foi positivo apenas para a Cemig, mas para o setor elétrico em geral. Com exceção de novembro, quando a demanda por energia no Brasil caiu, os números de consumo de energia dos meses de outubro e dezembro foram positivos. Logo, esse aumento no consumo certamente deverá alavancar o resultado da Cemig nesse balanço do quarto trimestre”, disse Ruas. 

Na visão de Idean Alves, chefe da mesa de operações da Ação Brasil, a Cemig deverá apresentar mais um balanço trimestral positivo e lucrativo. No entanto, o analista reitera que a estatal mineira não conseguirá apresentar resultados tão bons a ponto de surpreender e virar a “queridinha” do setor elétrico. 

“O resultado da Cemig deve vir em linha com a expectativa de mercado, assim como foi o balanço do terceiro trimestre, que não surpreendeu e ainda não fez da empresa a “menina dos olhos”, que pode ser aos olhos do mercado. Ela sempre registra resultados financeiros muito bons, mas abaixo do esperado. O que poderia ser um bom gatilho para destravar valor da empresa poderia ser uma possível privatização”, afirmou o analista. 

Assim como Alves, Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, acredita que a Cemig não reportará um quarto trimestre surpreendente. Segundo o analista, a receita da estatal no trimestre poderá ser impactada com a atual oferta de energia no País, que atualmente se encontra em níveis altos. 

“As expectativas quanto ao balanço da Cemig são neutras. Precisamos ressaltar que estamos em um momento de oferta significativa de energia, o que gera um efeito negativo sobre as receitas das empresas do setor elétrico. Entretanto, vemos a empresa com capacidade para entregar bons resultados, limitando os impactos sobre a sua lucratividade”, relatou Novaes.

Cemig pode estagnar em 2023

Em um contexto nos quais os economistas esperam um menor crescimento econômico para 2023, com a economia já tendo esgotado todo seu gás para se recuperar das sequelas econômicas da pandemia de covid-19, Ruas crê que a Cemig não apresentará resultados operacionais tão bons ao longo deste ano.

“Acredito que o 2023 da companhia seja um ano de crescimento menor em relação a 2022, pois as recentes projeções de crescimento econômico são menores, e a economia já esgotou seu bônus de recuperação para sair do buraco da pandemia. Assim, o consumo de energia poderá apresentar um crescimento tímido ao longo do ano, impactando a geração e a transmissão de energia elétrica. Por conta disso, eu acredito que o faturamento da Cemig irá crescer menos neste ano”, explicou o economista.

Novaes também prevê dificuldades para a empresa elétrica mineira ao longo de 2023. Segundo o analista, a Cemig, apesar de ser resiliente, não conseguirá apresentar melhoras operacionais ao longo deste ano que surpreendam os investidores, pois a estatal está sofrendo com o atual cenário de excesso de oferta do setor energético.

“Sabemos que a Cemig é uma empresa resiliente, mas diante do cenário de excesso de oferta do setor energético, pensamos que não há espaço para melhorias operacionais que tornassem os resultados deste ano melhores que o esperado. Ainda assim, vejo ela como uma boa escolha defensiva no mercado de ações, considerando sua eficiência operacional e estratégia de desinvestimento”, disse o analista da Terra Investimentos. 

De acordo com Alves, a Cemig deverá cortar gastos e se tornar mais eficiente caso queira crescer e surpreender em 2023. “A Cemig deverá reduzir custos, aumentar sua receita e tornar a operação mais rentável para ter um real potencial de crescimento relevante em 2023. Atualmente, a empresa é muito ineficiente se comparada com as suas pares do setor, como Taesa, Copel e Transmissão Paulista”, afirmou o analista.

E os dividendos? 

Apesar de não se animarem com o provável 2023 da Cemig, os analistas consultados pelo BP Money afirmam que a estatal continuará distribuindo proventos generosos ao longo deste ano. Só nos últimos 12 meses, a companhia apresentou um dividend yield (rendimento de dividendo) de aproximadamente 13,94%, totalizando R$ 1,5323 por ação.

“A Cemig deve manter um dividendo na média dos últimos anos, entre 12 e 15%. É uma taxa bastante atrativa, em especial quando pensamos que esse retorno é líquido, e nesse quesito a ação se destaca em relação às concorrentes, só falta ela ir além disso, conseguindo entregar além de bons dividendos, um crescimento mais robusto, eficiente e perene”, disse Alves.