A crise que vem se instaurando no setor do agronegócio, com recuperações judiciais e problemas gerados pelas mudanças climáticas, pode surgir como uma oportunidade de diferenciação, afirmou Daniel Lemos, CEO da Riza Asset, em entrevista exclusiva ao BP Money.
“Enxergamos essa crise no agro, nos Fiagros, por causa de AgroGalaxy e de outros, como uma grande oportunidade de diferenciação, porque são vários ‘agros’ dentro de um ‘agro'”, destacou Lemos.
Ao citar as diversas ramificações que existem no mercado do agronegócio, o CEO da Riza destacou também que os problemas podem vir de diferentes frentes e o porquê do foco do Fiagro (Fundo de Investimentos do Agronegócio) da gestora, neste setor, ser a soja, o milho e o algodão.
“Vai ter um tipo de risco de quebra de safra, pode ser climático, pode ser por peste, por que perda realmente a produção, pode ser risco de preço. E acreditamos que dentro de todos esses tipos de cultivo, a soja é melhor que ela é mais protegida, porque o Brasil é um dos maiores portadores, senão o maior exportador do mundo”, ressaltou.
Além disso, a relação de mercado entre a produção agrícola e o dólar mexe com a estrutura dos investimentos do setor.
“Se o câmbio, que coloca o Brasil em crise, vai para cima, o produtor fica bem posicionado, porque a commodity é cotada em dólar e somos [o Brasil] um grande exportador”, reiterou o CEO da Riza.
Justamente por conta dessa relação, explicou o executivo, há uma contra ciclicidade no negócio de produtores grandes de soja, milha e algodão, que talvez não exista em vários outros plantios de commodities.
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“A estrutura, se for fazer em vários outros [segmentos de commodities agrícolas], tem que ser diferente do que muita gente acabou operando”, prosseguiu.
O business de revenda, por exemplo, “até dá para dar crédito”, porém há muita limitação e exige “outro nível de segurança” necessário ser buscado em uma operação com massa de revenda, segundo Lemos.
“Há vários analistas no mercado que não são especialistas em agro, não conhecem, talvez, essas idiossincrasias de determinados subsegmentos, são muitos agro. [Dizem] ‘o agro está em crise’, qual? Tem um outro aqui que não está em crise”, comentou o CEO.
CEO da Riza critica postura fiscal: ‘mais gasto, menos eficiência’
Em entrevista ao BP Money, Daniel Lemos, CEO da Riza Asset, criticou a postura fiscal do governo federal. Segundo Lemos, está claro que a política fiscal é “mais para o gasto, menos eficiência”.
Apesar disso, Daniel não se coloca como pessimista a longo prazo e acredita que cenário não será “perpetuado”.
“Eu não acho que vai ter um descontrole fiscal grande e absoluto, é muito mais uma filosofia de país que passa por gastos e investimentos, que, neste momento, não tem espaço, mas que tentam fazer e são ineficientes. Isso é perpétuo ou tem uma cicatriz na economia que vai durar para sempre? Não, pode ser desfeito e, de certa forma, até se buscar um primário lá na frente, para se corrigir essa tendência”, avaliou Lemos.
Ainda de acordo com o CEO da Riza, o governo já percebeu que não entregar a meta fiscal prometida será um “problema muito maior” do que perseguir o equilíbrio.
