Os principais índices acionários da Ásia encerraram o último pregão de setembro sem uma direção definida. A Bolsa de Tóquio recuou 4%, influenciada por incertezas em torno das políticas do futuro primeiro-ministro japonês.
Em contraste, o mercado de Xangai registrou um expressivo ganho de mais de 8%, marcando sua maior alta diária desde 2008, impulsionado por novos dados econômicos da China e uma série de estímulos adotados pelo governo.
O índice Nikkei 225 do Japão encerrou o pregão com uma queda acentuada de 4,8%, fechando em 37.919,55 pontos, enquanto o Kospi da Coreia do Sul recuou 2,31%, atingindo 2.593,27 pontos.
Por outro lado, em Hong Kong, o índice Hang Seng registrou um avanço de 2,43%, alcançando 21.133,68 pontos. Na China continental, o índice Xangai Composto destacou-se com uma expressiva alta de 8,06%, fechando em 3.336,49 pontos.
No acumulado de setembro, o índice Nikkei 225 registrou uma queda de 1,68%, enquanto o Kospi recuou 3,13%. Em contrapartida, o Hang Seng apresentou um expressivo ganho de 16,76%, e o Xangai Composto subiu 16,62%, destacando-se entre os principais índices asiáticos.
Os investidores japoneses expressam preocupações em relação às políticas do novo primeiro-ministro Shigeru Ishiba, especialmente em relação à possibilidade de aumento de impostos. As montadoras foram as mais afetadas, com as ações da Toyota caindo 7,6%, as da Honda Motor recuando 7% e as da Nissan Motor apresentando uma queda de quase 6%.
Na China, foram divulgados diversos indicadores econômicos, incluindo a leitura oficial do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial para setembro, que subiu de 49,1 em agosto para 49,8 em setembro. Embora esse resultado tenha superado a expectativa dos economistas, que era de 49,3, o índice ainda permanece na zona de contração.
China quer recuperar economia e retomar protagonismo nos mercados
A China cumpriu com o que já era esperado pelos mercados globais e anunciou um forte pacote de estímulos na tentativa de alavancar a economia do país. Mesmo com analistas já esperando algumas medidas, a proporção do pacote impressionou, bem como o ineditismo de alguns estímulos.
“O governo chinês conseguiu entregar: i) uma ação coordenada; ii) estímulos numa magnitude maior do que a esperada; e iii) medidas de suporte ao mercado de ações, como linha de crédito subsidiada para empresas recomprarem ações”, disseram, de acordo com o “InfoMoney”, Paulo Gitz, estrategista global, e Maria Irene Jordão, analista global do Research da XP, em relatório.
Os estrategistas apontaram que, desde a pandemia, a China tem enfrentado mais dificuldades do que o resto do globo. Isso ocorre, em parte, pela proporção de lockdowns no país asiático — tanto pelas restrições mais severas quanto pelo tamanho da população.
Mesmo após a reabertura, o consumo não foi retomado nos patamares anteriores, como foi observado nos EUA, que teve um “rebote” de consumo. “Pelo fato de eles não terem tido tantos estímulos e pela severidade dos lockdowns, o consumidor por lá ficou mais retraído. E, com isso, a economia não se recuperou como o governo esperava que ela se recuperasse”, disse Gitz.