Crise na China

China sinaliza mais estímulos fiscais, mas omite detalhes-chave

O ministro das Finanças da China, afirmou que o governo central apoiará os governos locais na resolução de problemas de dívida

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Foto: Pexels/bandeira da China

A China anunciou que “aumentará significativamente” seu endividamento para impulsionar a economia, mas deixou investidores incertos quanto à magnitude do pacote de estímulo, um detalhe crucial para avaliar o impacto potencial na recente recuperação do mercado de ações.

Durante uma coletiva de imprensa, o ministro das Finanças, Lan Foan, afirmou que o governo central apoiará os governos locais na resolução de problemas de dívida, concederá subsídios às pessoas de baixa renda, incentivará o mercado imobiliário e reforçará o capital dos bancos estatais, entre outras medidas.

Essas ações estão alinhadas com as expectativas dos investidores, já que a segunda maior economia do mundo enfrenta desafios para recuperar o fôlego, combatendo pressões deflacionárias e buscando restabelecer a confiança do consumidor em meio à acentuada desaceleração no setor imobiliário.

A ausência de um valor em dólares para o pacote de estímulo provavelmente prolongará a incerteza dos investidores, que aguardam ansiosamente por um plano de políticas mais claro até a próxima reunião do Legislativo chinês, responsável pela aprovação das emissões de dívida. A data do encontro ainda não foi definida, mas é esperada para as próximas semanas.

A coletiva de imprensa “foi forte em determinação, mas carente de detalhes numéricos”, disse Vasu Menon, diretor administrativo de estratégia de investimentos do OCBC em Cingapura.

Estímulo fiscal na China

“O grande estímulo fiscal que os investidores esperavam para manter a recuperação do mercado acionário não se concretizou”, disse Menon, acrescentando que isso pode “decepcionar alguns” no mercado.

Nos últimos meses, uma série de dados econômicos desapontou, levantando preocupações entre economistas e investidores sobre o risco de a meta de crescimento de cerca de 5% para este ano não ser alcançada, além de sinalizar uma possível desaceleração estrutural de longo prazo na economia.

Os dados referentes a setembro, que serão divulgados na próxima semana, devem confirmar sinais de fraqueza. Ainda assim, as autoridades manifestaram “total confiança” no cumprimento da meta de crescimento para 2024.

A expectativa por novos estímulos fiscais tem sido um dos focos de especulação nos mercados financeiros globais, especialmente após uma reunião de setembro do Politburo, principal órgão de liderança do Partido Comunista, ter destacado uma crescente sensação de urgência em relação à economia.

Após o encontro, as ações chinesas registraram os maiores patamares em dois anos, com uma valorização de 25% nos dias subsequentes, mas recuaram diante da incerteza sobre os detalhes das políticas econômicas. O nervosismo também afetou os mercados globais de commodities, como minério de ferro, metais industriais e petróleo, que se mostraram voláteis na expectativa de que os estímulos impulsionem a fraca demanda chinesa.