Fechamento do capital

Cielo comunica encerramento de programa de ADRs após OPA

O JPMorgan (depositário) já foi notificado para adoção das medidas necessárias para o encerramento e rescisão do contrato de depósito

Cielo
Foto: Divulgação

A Cielo comunicou o encerramento do seu programa de ADRs (ações negociadas nos EUA) após o sucesso do OPA (Oferta Pública de Aquisição) feita nesta semana.

De acordo com companhia, o J.P. Morgan (depositário) foi notificado nesta sexta-feira (16) para adoção das medidas necessárias para o encerramento e rescisão do respectivo contrato de depósito.

“Os titulares dos ADRs serão devidamente notificados pelo depositário com informações sobre os prazos e procedimentos do encerramento do programa, nos termos da legislação aplicável”, disse a Cielo.

A companhia se prepara para se despedir da B3 (Bolsa de Valores brasileira) após 15 anos. O movimento amplia o desafio para seus controladores, Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), que, após a conclusão do fechamento de capital, esperam que a Cielo tenha maior flexibilidade para ajustar sua estratégia.

A mudança não só visa recuperar o terreno perdido, mas também ajudar os dois bancos a expandirem sua presença junto às pequenas e médias empresas (PMEs).

O Bradesco e Banco do Brasil realizaram na B3, na última quarta-feira (14), o leilão da oferta pública de aquisição (OPA) para a deslistagem da Cielo.

Com a compra de 736,9 milhões de ações, movimentaram R$ 4,3 bilhões, atingindo um quórum superior ao necessário para solicitar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a conversão do registro, o que permitirá o fechamento de capital da empresa.

Movimento estratégico da Cielo

A operação foi planejada para permitir que a Cielo responda a um mercado onde o preço deixou de ser a principal vantagem competitiva, sendo substituído por uma oferta integrada que conecta a conta bancária dos comerciantes diretamente às maquininhas.

Esse foi o percurso adotado por empresas como Stone e PagBank, que estruturaram suas ofertas bancárias após expandirem no segmento de maquininhas, e também pela Rede, do Itaú Unibanco, que saiu da Bolsa em 2012. No ano passado, a Rede superou a Cielo na liderança de mercado, após concluir a integração com a área de pequenas e médias empresas de seu controlador.

No segundo trimestre deste ano, a fatia de mercado da Cielo recuou para 19,9%, comparado a 22,3% no mesmo período do ano anterior. A concorrente Rede manteve a liderança, com 22,8%, posição que alcançou exatamente um ano antes, apesar de ter cedido parte de seu espaço para competidores como Getnet e Stone. O PagBank ainda não divulgou seus números referentes ao segundo trimestre.

“Não é segredo que a Cielo tem sofrido para proteger sua fatia de mercado no segmento de pequenas e médias empresas, que é o mais rentável”, afirmou o analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, em relatório enviado a clientes.

“Apesar de ter expandido sua força de trabalho, o desempenho da companhia tem sido abaixo do esperado.”