
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta quarta-feira (16) com baixa de 0,72%, aos 128.316,89 pontos. O dólar comercial caiu 0,44%, a R$ 5,86.
Uma nova ofensiva de Donald Trump na guerra tarifária contra a China derrubou novamente as Bolsas de Valores pelo mundo. Com isso, o Ibovespa operou com oscilação, perdendo a batalha pelos 129 mil pontos.
O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, fechou com queda de 0,87%, a US$ 99,34.
Em um comunicado emitido nesta quarta-feira (16), a Casa Branca afirmou que a China encararia tarifas de até 245% como resposta às ações taxativas do país asiático.
O documento não explicava como os EUA chegaram a esse cálculo e foi alterado para justificar que as taxações serão aplicadas apenas a produtos específicos. Confira o novo texto:
“A China enfrenta uma tarifa de até 245% sobre importações para os Estados Unidos como resultado de suas ações retaliatórias. Isso inclui uma tarifa recíproca de 125%, uma tarifa de 20% para abordar a crise do fentanil e tarifas da Seção 301 sobre bens específicos, entre 7,5% e 100%.”
O fato causou pânico nos mercados, sobretudo em Wall Street. Junto a isso, o governo dos EUA decidiu limitar as exportações de um chip de inteligência artificial da empresa para a China, o que abalou ainda mais as empresas de tecnologia, como a Nvidia (NVDC34).
“A medida contra a Nvidia, proibindo a venda de chips à China, pode gerar um prejuízo estimado de até US$ 5,5 bi e pode reacender o temor de uma guerra comercial prolongada. Isso acabou contaminando todo o setor de tecnologia e aumentando a aversão ao risco global”, disse Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.
Outro ponto que chamou atenção dos investidores no exterior foi o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve), que reconheceu que a atividade econômica do país norte-americano está desacelerando, mas pregou cautela com os juros.
“Apesar da elevada incerteza e dos riscos negativos, a economia dos EUA ainda se encontra em uma posição sólida”, disse Powell.
“Ao destacar que os efeitos das tarifas podem ser mais persistentes e exigir manutenção das expectativas ancoradas, Powell sinaliza que o cenário atual não permite flexibilização monetária tão cedo. Esse viés mais conservador afasta, na minha visão, ao menos por ora, a perspectiva de afrouxamento nos juros”, avaliou Almeida.
Enquanto isso, no cenário interno, um dos destaques que atingiram o Ibovespa foram as contas públicas. O governo federal, através do PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2026, apresentando ao Congresso Nacional, prevê que faltarão recursos para a Educação e a Saúde a partir de 2027.
Por conta das limitações de investimentos determinadas pelo arcabouço fiscal, a equipe econômica vê que os recursos disponíveis para comprir os pisos constitucionais dessas pastas ficaram além das possibilidades da despesa.
No mercado, especialistas já projetam um possível colapso nas contas. A IFI (Instituição Fiscal Independente do Senado), apontou que o Orçamento da União superestimou as receitas primárias líquidas em até R$ 86,1 bilhões.
Além disso, a instituição também alertou que as regras fiscais não estão dando conta de estancar o crescimento das despesas do governo. Com todo esse cenário à frente, uma preocupação que tomou conta do Ibovespa é sobre possíveis ajustes no texto do arcabouço futuramente.
“O mercado viu com bastante ceticismo a peça orçamentária, que se baseia em artifícios contábeis para sustentar uma meta de superávit. Parece mais um roteiro de ficção do que uma proposta fiscal crível na minha opinião”, afirmou Almeida.
No radar corporativo, além das perdas fortes da Nvidia (NVDA) nos EUA, no Ibovespa a Vale (VALE3) puxou as quedas, mesmo após o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) da China ter avançado 5,4% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Enquanto isso, Lucas Almeida também comentou sobre a queda nos juros futuros, o que ainda não foi suficiente para ajudar os papéis mais sensíveis. Para ele, as quedas refletiram o cenário de incerteza fiscal e o risco de inflação mais pressionada por conta dos desdobramentos externos.
“O mercado começa a reavaliar a trajetória de corte da Selic, e o prêmio de risco volta à curva”, afirmou.
A Brava (BRAV3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 5,22%, a R$ 18,13. Logo atrás, Minerva (BEEF3) subiu 5,35%, a R$ 7,20. E MRV (MRVE3) teve ganhos de 3,02%, a R$ 5,12.
Já na ponta negativa, Raia Drogasil (RADL3) liderou as perdas, caindo 6,40%, a R$ 21,34. Em seguida, Automob (AMOB3) perdeu 4,17%, a R$ 0,23. E CSN Mineração (CMIN3) caiu 3,87%, a R$ 5,72.
Altas e Baixas do Ibovespa: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3) recuam
No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram 0,87% e equilibraram em 0,00%, respectivamente. Prio (PRIO3) valorizou 1,12%.
Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale (VALE3) caiu 2,32%. Gerdau (GGBR4) registrou alta de 0,60%. Usiminas (USIM5) valorizou 2,20%.
No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram com baixas de 0,15% e 0,43%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) seguiram com desvalorização 0,16% e valorização 0,71%, em sequência.
Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 0,96%. As ações das Lojas Americanas (AMER3) recuaram 3,17%. Casas Bahia (BHIA3) desvalorizou 2,29%.
Índices do exterior fecharam em baixa
Os principais índices europeus tiveram desempenhos mistos nesta quarta-feira (16). O índice DAX, de Frankfurt, valorizou 0,27%, enquanto o CAC 40, de Paris, caiu 0,07%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,18%.
Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram 2,27% e 3,07%, respectivamente. Já o Dow Jones caiu 1,73%.