Os investidores de fundos têm menos dinheiro na conta nesta terça-feira (31). O motivo dessa perda de dinheiro é a antecipação de parte do imposto de renda sobre os ganhos, apelidado de “come-cotas”, tributo que é cobrado de fundos de renda fixa, DI, multimercado e cambiais. De acordo com o consultor financeiro Marcelo d´Agosto, o saque será de R$ 8 bilhões.
O imposto aparece no último dia útil dos meses de maio e novembro e “morde” 15% da valorização do investimento nos seis meses anteriores.
As cifras que o governo federal vai arrecadar significam mais que o dobro do observado em maio do ano passado e 41,5% acima do registrado em novembro de 2021. Neste tempo, o patrimônio líquido dos fundos de investimentos praticamente dobrou. A receita que era de R$ 4 trilhões passou para R$ 7 trilhões.
O aumento da taxa de juros no Brasil também contribuiu para o impulsionamento das aplicações. “Como os juros aumentaram e o patrimônio líquido dos fundos subiu, o come-cotas pode ser recorde”, afirmou o consultor financeiro, Marcelo d´Agosto em entrevista ao “Valor Investe”.
“Come-cotas”: Selic aumentou cinco pontos desde novembro do ano passado
Em novembro do ano passado, a Selic registrava juros de 7,75% ao ano, enquanto neste momento, os juros passaram para 12,75%. A taxa é usada como referência para investimentos em renda fixa, o que ajudou os investidores deste segmento a aumentarem os ganhos.
Outro fator que afeta o crescimento do “Come-cotas” é o CDI (Certificado de Depósitos Interbancário), que teve uma variação de 5% nos últimos seis meses. “A última vez que os juros tinham registrado um patamar tão alto foi entre dezembro de 2016 e maio de 2017, quando foi de 5,98%”, afirmou o consultor financeiro em entrevista ao “Valor”. Já a rentabilidade média dos fundos multimercados foi de 9,59%, segundo o IHFA (Indice de Hedge Fund da Anbima).