O movimento de sobe e desce nos preços do minério de ferro nas últimas semanas foi sentido pelo mercado e, em especial, pela mineradora Vale (VALE3), que viu os papéis fecharem em queda com a redução da demanda.
Apesar da recuperação gradual, analistas da Genial Investimentos indicam que a montanha-russa dos valores do minério de ferro pode ser um fator negativo nos resultados do primeiro trimestre de 2024 da empresa.
Enquanto, no quarto trimestre de 2023, o preço da commodity acelerou de forma acentuada, chegando a US$ 140 por tonelada, no início deste ano o preço caiu de maneira voraz, indo a US$ 103 por tonelada.
A flutuação nos preços da commodity é atribuída a vários fatores, e um dos que têm maior relevância está ligado à China, o maior consumidor mundial da matéria-prima do aço, explica Andre Colares, CEO da Smart House Investments.
“Expectativas de estímulos econômicos ou ajustes na produção industrial chinesa podem causar oscilações significativas nos preços”, pontua Colares.
Nas últimas semanas, o motivador principal para a queda nos valores do minério de ferro foi justamente a redução da demanda do país asiático, devido à crise no setor de construção. O segmento, responsável por cerca de 30% a 40% do consumo de aço na China, segue sem dar muitos sinais positivos.
Além disso, explica Andre, a commodity é sensível a questões globais de oferta e demanda. “Interrupções na oferta, seja por questões climáticas, desastres naturais ou geopolíticos, especialmente em grandes exportadores como Brasil e Austrália, podem levar a picos de preços”, completa.
E como fica o Brasil?
Para entender o impacto que a flutuação de preços da commodity exerce sobre o Brasil e sua principal mineradora, a Vale (VALE3), é preciso compreender o contexto de forte ligação comercial entre os países.
Volney Eyng, CEO da Multiplike, explica que qualquer sinal de estabilidade ou instabilidade do país chinês chama atenção de todo o mundo, tendo em vista a imensa população.
“A relação comercial entre os dois países se pauta nas commodities, com o Brasil fornecendo minério de ferro, soja e milho. Trata-se [a China] de uma economia grande e cada vez mais diversificada e qualquer escalada de crescimento da China acaba puxando o Brasil junto, principalmente porque o país asiático é o principal parceiro comercial do Brasil”.
Portanto, enquanto terceira maior empresa na B3 (Bolsa de Valores brasileira) e uma das maiores mineradoras do mundo, alterações de preço no minério de ferro serão sentidas de forma significativa pela Vale (VALE3) e, consequentemente, pela economia brasileira.
“Como uma das maiores mineradoras do mundo e principal produtora de minério de ferro do Brasil, a Vale é diretamente impactada por essas flutuações. Variações nos preços podem significar grandes mudanças na receita e lucratividade da empresa, afetando seu valor de mercado e decisões estratégicas”, destaca Andre Colares.
No início de abril, analistas do BofA (Bank of America) chegaram a reduzir a recomendação da Vale (VALE3) de compra para neutra diante da falta de perspectivas de recuperação do minério de ferro.
Perspectivas para a comoddity
De acordo com o CEO da Smart House Investments, a tendência atual sugere uma estabilização nos preços do minério de ferro, com possíveis altas moderadas, “contando que a China continue implementando medidas de estímulo para sua economia, conforme indicado pelo recente aumento nos preços”.
Além disso, Colares destaca os desenvolvimentos na indústria de aço global, inovações tecnológicas na produção de aço, e políticas ambientais que afetam a produção e o consumo de minério.
“A crescente pressão para reduzir as emissões de carbono pode levar a mudanças significativas nas tecnologias de produção de aço e, consequentemente, na demanda por minério de ferro. Iniciativas como a produção de aço verde e o aumento da reciclagem podem alterar os padrões de consumo do minério de ferro a longo prazo”, sinaliza.