Considerado o maior evento esportivo do mundo, a Copa do Mundo FIFA 2022 começou no último domingo (20), no Catar. Com todas as atenções voltadas para as quatro linhas, o mercado financeiro acaba perdendo um pouco do foco dos investidores pessoa física. Existem, entretanto, oportunidades que podem ser deixadas de lado, caso os investidores não se atentem, já que muitas empresas são beneficiadas pela Copa na bolsa de valores de São Paulo (B3).
Segundo Rafael Bombini, assessor da DOM Investimentos, pensando exclusivamente no cenário doméstico, os setores que devem se beneficiar diretamente são os setores de alimentos, bebidas e frigoríficos.
“Destaco aqui Ambev (ABEV3), IMC (MEAL3), M. Dias Branco (MDIA3), JBS(JBSS3), BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3). Indiretamente podemos destacar, de maneira bem leve, o setor de papel e celulose no tocante às embalagens plásticas. A Irani (RANI3) é bem forte no mercado de embalagens de papelão (aquelas que vem no Ifood/Rappi) e em embalagens plásticas”, disse Bombini.
“Pensando um pouco no mercado externo, devemos ver o setor aéreo com alguns benefícios já que temos pessoas indo para o Catar para ver os jogos”, complementou Bombini.
Com a expectativa de melhora para o cenário de empresas do setor frigorífico, durante a Copa, uma das companhias que pode se beneficiar é a JBS, além de Marfrig e Minerva.
Segundo estudo feito pelo analista Flavio Conde, da Levante, a JBS é uma ação que pode ser comparada a um zagueiro, no campo dos investimentos. Isso porque a empresa é forte (sólida, com baixo endividamento e caixa alto). A ação é uma boa forma de defesa na bolsa, já que cai pouco e é uma das maiores companhias de carnes do mundo. Além disso, se o dólar subir, ela sobe junto, já que sua receita é dolarizada em quase 75%.
Para Conde, entretanto, nenhum setor deve ter a performance impactada fortemente pela Copa. “É um evento muito rápido e impacta marginalmente as compras”, disse Conde.
Varejo alimentar ser o craque da bolsa de valores no período da Copa
Para Paulo Luives, assessor da Valor Investimentos, o principal setor que pode se beneficiar da Copa do Mundo e do “combo” de eventos de final de ano é o varejo alimentar.
“Os consumidores que costumam frequentar bares e restaurantes são atendidos pelos atacarejos, e quem fica em casa assistindo jogos, fazendo compras, também utiliza o atacarejo ou supermercado, então o varejo alimentar se beneficia muito disso. Acho que um setor que também deve ganhar tração é o setor de bebidas. Ambev deve sofrer um impacto positivo pelo consumo”, explicou Luives.
Luives destacou também que empresas de consumo discricionário podem apresentar alguns desafios, mesmo com a alta de vendas de alguns produtos específicos nesta época, como é o caso de TVs, por exemplo.
“Historicamente, a dificuldade comercial e a circulação de pessoas é mais reduzida em dias de jogos do Brasil. E, por fim, o varejo alimentar deve se beneficiar pela maior procura por itens para os dias de jogos do Brasil”, disse o assessor de investimentos da Valor.
O especialista em investimentos chamou atenção para o fato de que existe, ainda, neste final de ano, a BlackFriday, o Natal e o ano novo, que são períodos em que o consumidor costuma gastar mais. O problema, entretanto, é que a junção da Copa a estes eventos pode diminuir um pouco o ritmo de compras dos consumidores, já que o orçamento ficará mais apertado.
“Pode acontecer um efeito de sobreposição, porque terão datas comemorativas muito perto. Tem BlackFriday, Natal, esse dinheiro do consumidor vai competir entre esses eventos”, explicou Luives.
Sobre os papéis que podem se destacar no atacarejo, o assessor chamou atenção para Grupo Mateus e Assaí.
“Outras empresas, como Magalu e Via, podem ter gatilhos de alta durante a Copa, mas acredito que não é algo para ser fator determinante de compra”, concluiu o especialista.