O banco Morgan Stanley elevou o preço-alvo de R$ 19 para R$ 21 das ações da Copasa (CSMG3). No pregão desta quinta-feira (28), as ações da companhia fecharam com alta de 0,89%, cotadas a R$ 20,41.
No final de novembro, Copasa e Cemig (CMIG4) receberam ofício do Estado de Minas Gerais, acionista controlador de ambas, informando que têm buscado soluções junto à União para a questão da dívida pública estadual. Uma das soluções aventadas é federalizar as companhias.
Por outro lado, o banco manteve recomendação equal-weight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro).
Segundo relatório, a revisão de preço foi motivada pelas novas previsões macroeconômicas e pelos resultados do plano de desligamento voluntário da companhia, bem como pelo reajuste tarifário de 4,21%, com vigência a partir de janeiro do próximo ano.
Além disso, o Morgan pontua que o novo WACC ( Custo Médio Ponderado de Capital) regulatório de longo prazo ficou em cerca de 7,9%, diminuindo ligeiramente de 8,1%, devido às taxas reais mais baixas no Brasil.
O banco ainda destaca que estimativas de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) médio permanecem praticamente inalteradas para o período 2023-24.
Federalização seria negativa para Cemig e Copasa, diz XP
A XP Investimentos analisou sobre a possível federalização da Cemig e Copasa, considerando os efeitos negativos para as empresas e considerou que, caso ocorra o acordo,o resultado seria negativo para as empresas.
No entanto, na opinião dos analistas, o acordo parece difícil de ser concretizado e suas consequências seriam diferentes para acionistas votantes e não votantes de cada empresa.
O cenário proposto envolve a transferência das participações do Estado de Minas Gerais em empresas como a Codemig, Cemig e Copasa, além de desdobramentos judiciais do incidente de Mariana e um programa de refinanciamento da dívida estadual. Embora o governador Romeu Zema mostre abertura ao estudo dessa federalização, a XP destaca desafios iminentes na sua execução.
De acordo com relatório de Vladimir Pinto e Maíra Maldonado, a negociação é vista como uma alternativa para a dívida estadual, porém, enfrentaria obstáculos consideráveis, especialmente no âmbito legislativo, com Congresso e Assembleia de Minas Gerais necessitando aprovar o acordo.
A XP também levanta preocupações quanto à reação de outros estados em situações semelhantes, prevendo possíveis impactos fiscais para o governo federal. Outro ponto crucial seria o direito de “tag along” para acionistas da Copasa e da Cemig, gerado pela mudança de controle.
“A federalização da Copasa parece um evento que estaria fora do marco regulatório de saneamento no Brasil, onde as concessões são municipais ou divididas entre estados e municípios nas regiões metropolitanas”, segue.
Além disso, a XP ressalta que a federalização da Copasa se distancia do atual cenário do saneamento no Brasil, que tende a ser regulamentado em esfera municipal ou compartilhado entre estados e municípios em regiões metropolitanas.
A consultoria também destaca a relativa insignificância das participações do Estado na renegociação, salientando que o valor das empresas é insuficiente para cobrir a extensa dívida estadual.
A experiência pregressa com a federalização de empresas estatais, como distribuidoras da Eletrobras em 2018, não obteve resultados favoráveis, e casos semelhantes envolvendo bancos estaduais na década de 90 geraram efeitos negativos.
Por fim, a XP diz que tal ação seria prejudicial para as empresas, particularmente desfavorável para os acionistas preferenciais da Cemig devido à ausência de direitos de tag along, enquanto os acionistas da Copasa se beneficiariam desses direitos.