Expectativa

Copom deve retomar ciclo de cortes no começo de 2025, diz BofA

O BofA destaca os riscos de alta para as estimativas inflacionárias do Copom, apontando um cenário desafiador que inclui a desvalorização do real em relação ao dólar

Copom
Copom / Foto: Canva Pro

Com a expectativa de que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central mantenha a Selic (taxa básica de juros da economia brasileira) estável em 10,5% na decisão desta quarta-feira (31), o Bank of America (BofA) projeta que o ciclo de cortes deve ser retomado no início de 2025.

“Mantemos nossa expectativa de taxa Selic estável em 10,50% até o final de 2024, com a retomada do ciclo de flexibilização no início do próximo ano, com uma nova composição do conselho e com o corte das taxas de juro pela Fed”, destacou o BofA em relatório divulgado a clientes e ao mercado.

O Bank of America destaca os riscos de alta para as estimativas inflacionárias do Copom, apontando um cenário desafiador que inclui a desvalorização do real em relação ao dólar, incertezas fiscais apesar dos esforços de contenção de gastos pelo governo, e reajustes nos preços de combustíveis e gás de cozinha pela Petrobras (PETR3; PETR4).

Os economistas David Beker e Natacha Perez afirmam que “condições financeiras apertadas garantem a estabilidade das taxas”, mas esperam que o Copom revise suas projeções inflacionárias de 4,0% para 4,2% neste ano. Para 2025, as projeções devem ser ajustadas de 3,4% para 3,5%.

Ata do Copom: Selic alta por mais tempo e juro real neutro são destaques

Especialistas ouvidos pelo BP Money destacaram alguns pontos de maior atenção na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta terça-feira (25). São eles: o cenário de referência, que indica Selic alta por mais tempo, e a elevação da taxa de juros real neutra.

De acordo com o economista-chefe do banco Master, Paulo Gala, o cenário de referência dado pelo Copom não chega a ser um forward guidence, mas indica que a Selic no nível que está deve levar à convergência de inflação no final de 2025.

No cenário em questão, a Selic é mantida a 10,50% até o final do ano que vem, além de 4% de IPCA para este ano e 3,1% para o ano de 2025. “Essa informação está alí e não é à toa, é muito importante. Provavelmente, a gente vai ter a Selic alta por muito tempo, talvez até o final do ano que vem”, pontuou Paulo Gala.

Felipe Uchida, head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital, destacou que, além da decisão do Copom de manter a Selic em 10,50%, o último boletim Focus elevou a expectativa de inflação para 3,98%, “reforçando o cenário de juros altos por mais tempo”.