A startup Cora realizou nesta segunda-feira (3) o corte de 13% dos trabalhadores da empresa, focada em soluções financeiras para pequenas e médias empresas do Brasil. Ao todo, são 59 pessoas impactadas em todas as áreas do negócio, confirmou a companhia à reportagem do jornal “Estadão”.
A Cora afirma que os demitidos devem receber salário adicional, extensão de seis meses do plano de saúde, auxílio de R$ 1,5 mil para pessoas com filhos de até 17 anos, assinatura do LinkedIn Premium (serviço de recolocação no mercado de trabalho da rede social), Zenklub (plataforma de apoio psicológico) e R$ 1,5 mil em compra de notebook. Além disso, uma bolsa de R$ 4.250 vai ser concedida a pessoas de minorias sociais da Cora, como mulheres, pessoas negras e pessoas LGBT+ com salário de até R$ 7 mil.
Segundo o fundador e presidente executivo da Cora, Igor Senra, as demissões vêm após uma nova percepção do cenário macroeconômico, que não apresentou a melhora esperada para o fim deste primeiro trimestre. “Havia uma máxima de que as coisas iriam melhorar”, diz o CEO. “Notamos que não há melhora à vista.”
A quebra do Silicon Valley Bank (SVB), principal banco para o mercado de tecnologia do mundo, em março trouxe ainda mais pessimismo. A instituição faliu após ir ao mercado em busca de financiamento — o que causou mais turbulência em um cenário tomado por cautela desde o ano passado. Além disso, o Federal Reserve, autoridade monetária dos Estados Unidos, continua a subir os juros, encarecendo o mercado de crédito.
“Estamos interrompendo vários projetos de longo prazo, e isso significa realocar a energia da empresa em projetos de maior valor no curto prazo”, diz Senra. Além disso, a startup reduziu em dois terços os investimentos em marketing desde fevereiro.
O negócio da Cora inclui conta digital gratuita para pessoas jurídicas, com cartão de crédito e débito e transferências habilitados. Além disso, a startup oferece uma plataforma de gestão dos gastos, por onde o empreendedor pode automatizar cobranças e sistemas contábeis.
Em agosto de 2021, a startup levantou US$ 116 milhões numa megarrodada que trouxe investidores de peso, como Greenoaks Capital, Ribbit, Kaszek, QED, Tiger e Tencent.
Neste ano, a Cora foi apontada como um dos nomes promissores do mercado de inovação do Brasil, segundo levantamento da Distrito para mapear os futuros “unicórnios” do mercado — as startups com avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão.
A reestruturação na Cora, que inclui as demissões nesta segunda, tem como objetivo colocar a startup no azul até o fim de 2024, tornando o negócio menos dependente de rodadas de investidores e com fôlego para sobreviver a choques.
“O que estamos fazendo agora é ter um plano com mais margem de manobra. Sabemos que problemas acontecem. É importante termos mais solidez para que a gente consiga executar esse plano de continuar crescendo e atingir a lucratividade”, justifica o CEO.
Produtora do Fifa, Electronic Arts prepara demissão em massa
A Electronic Arts (EA), produtora de franquias de jogos como Fifa e The Sims, anunciou que vai demitir cerca de 6% de sua força de trabalho, o que representa aproximadamente 800 funcionários, e ainda reduzirá espaço corporativo, tornando-se a mais recente produtora de videogames a anunciar cortes de pessoal.
“À medida que focamos mais em nosso portfólio, estamos nos afastando de projetos que não contribuem para nossa estratégia, revisando nossa pegada imobiliária e reestruturando algumas de nossas equipes”, disse o presidente-executivo da EA, Andrew Wilson.
Wilson revelou que as notificações de demissões começaram no início do ano, fazendo com que os cortes acontecessem de forma gradativa até o início do próximo ano fiscal. Ainda de acordo com o CEO, alguns funcionários poderão ser realocados para outras funções dentro da empresa, enquanto outros receberão indenização, seguro de saúde e serviços de transição de carreira.