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Cosan (CSAN3) deve ser a primeira brasileira a emitir títulos de dívida no exterior em 2024

O propósito da iniciativa é levantar aproximadamente US$ 500 mi por meio dessa operação

A Cosan (CSAN3) está planejando se tornar a primeira empresa brasileira a lançar títulos de dívida no exterior (bonds) em 2024, conforme indicado por fontes do mercado. A companhia, com atuação diversificada em setores como energia, álcool, açúcar e lubrificantes, deu início hoje a uma série de encontros com investidores como parte de seus preparativos para a emissão.

O propósito da iniciativa é levantar aproximadamente US$ 500 milhões por meio dessa operação, embora o montante final esteja sujeito às condições do mercado.

A oferta está programada para acontecer no início da próxima semana, contando com a participação do Itaú BBA e Morgan Stanley como agentes na operação.

Cosan aliena 0,22% das ações da Vale em operação de R$ 750 mi

 Cosan avançou mais um passo para reduzir sua dívida e reforçar sua estrutura de capital. A empresa vendeu uma parcela de 0,22% de suas ações na Vale, uma parte dos papéis ligados ao contrato de financiamento collar feito com o J.P. Morgan e o Citi quando adquiriu 4,9% da empresa de mineração. Com essa transação, conseguiu liquidar uma dívida de R$ 750 milhões com os bancos.

“A Vale vem recomprando ações e, a partir do momento que ela passe a cancelar essas ações, a Cosan ultrapassaria a participação de 4,9% para 5,12%”, diz um profissional a par das negociações. 

O movimento foi anunciado por meio de um comunicado ao mercado na ata do conselho de administração da empresa. Segundo apuração do NeoFeed, a Cosan, avaliada em R$ 35 bilhões, vinha se desfazendo dessas ações ao longo das últimas duas semanas, visando manter sua participação na Vale dentro do limite de 4,9%.

“Foi uma medida preventiva para evitar ultrapassar os 5%”, disse a fonte, salientando que a Cosan tem a opção, por meio do collar, de comprar mais 1,6% da Vale.

Desde o anúncio da aquisição de 4,9% da Vale em outubro de 2022, a operação foi alvo de críticas no mercado, pois havia preocupações sobre o aumento do endividamento da empresa de Rubens Ometto. Na época, os executivos destacaram uma sólida estrutura de capital para mitigar o risco de alta alavancagem na Cosan.

A posição foi estabelecida pela aquisição de 1,5% das ações da empresa no mercado à vista, enquanto os 3,4% restantes foram obtidos por meio de instrumentos financeiros derivativos com proteção contra a queda do preço das ações da mineradora, conhecido como “collar”. Contudo, essa estratégia apresenta vantagens e desvantagens.

Na fatia de 1,5% da Cosan na Vale, a empresa estaria totalmente exposta, mas também capturaria a totalidade dos dividendos. Nos outros 3,4%, essa participação envolveria uma dívida e um derivativo para proteção, limitando os ganhos e perdas. Em termos práticos, esse arranjo de collar acaba absorvendo cerca de 80% dos dividendos que a Vale pagaria à Cosan. É o custo da segurança.