
O Bitcoin caiu para US$ 80.500 nesta sexta-feira (21), aprofundando a maior liquidação dos últimos meses e devolvendo praticamente todos os ganhos acumulados no segundo semestre, em meio à forte aversão ao risco global. O movimento desencadeou pânico entre traders, aumento de vendas forçadas e a entrada do mercado em uma fase crítica de busca por fundo.
A quebra do suporte psicológico de US$ 90 mil acelerou a corrida para fechar posições, puxando o BTC para níveis não vistos desde o início do ano. O volume de liquidações se intensificou no mercado futuro, reforçando a sensação de capitulação, quando investidores realizam perdas para interromper prejuízos maiores.
Segundo Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil, o movimento é resultado direto de meses de pressão macroeconômica, que levaram o mercado ao ponto de ruptura. Ele destaca que o corte de juros recente do Federal Reserve, que poderia aliviar o ambiente para ativos de risco, falhou em trazer confiança. “A liquidez global continua apertada e isso finalmente forçou a capitulação dos bulls”, afirma.
O cenário de juros mais altos por mais tempo aumentou o custo do capital e derrubou o apetite por ativos voláteis, como o Bitcoin. Mesmo com a manutenção do fluxo institucional nos ETFs de BTC, o volume comprador se mostrou insuficiente para sustentar o preço em meio à onda de vendas. Prado explica que esses investidores agora migram para um comportamento de observação e oportunidade: “Os institucionais estão esperando um fundo para voltar a comprar com desconto.”
Do ponto de vista técnico, o Bitcoin entrou em território de sobrevenda extrema, sendo negociado abaixo das médias móveis de 50, 100 e 200 dias, um indicativo de que a tendência de baixa no médio prazo se consolidou. A estrutura gráfica reforça que o mercado pode seguir numa fase de acumulação e reprecificação antes de qualquer tentativa consistente de recuperação.
A expectativa de Prado, é que o BTC passe por um período prolongado de reorganização. A possibilidade de um movimento de alta sustentado antes do fim do ano é vista como improvável, a menos que o cenário macroeconômico apresente alívio significativo. “O mercado agora busca um fundo claro. Até lá, o processo deve ser lento, com volatilidade elevada e reconstrução gradual do preço”, conclui.