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CRIs e CRAs: mudanças favorecem fundos imobiliários, diz especialista

Segudno Marcello Corsi, os investidores inclinam-se para os fundos imobiliários, em busca de diversificação e pagamentos recorrentes

As recentes restrições impostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre os lastros e perfis de emissores dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRA), sinalizam uma mudança significativa no mercado financeiro. A alteração deve representar um cenário favorável para o mercado de fundos imobiliários, segundo o economista e Investor na WIT Invest Marcello Corsi Janota avaliou, em entrevista ao BP Money.

Com menos concorrência de CRAs e CRIs, Janota explica que os investidores tendem a voltar-se mais para os fundos imobiliários em busca de diversificação e pagamentos recorrentes. Essa migração de investidores também pode gerar uma demanda constante por novas cotas, aumentando a liquidez do mercado.

“Para o Mercado de Fundos Imobiliários vejo como uma medida positiva, uma vez que vamos ter ainda muita demanda por ativos isentos, e a concorrência de CRAs e CRIs será menor, os investidores se voltarão mais para os fundos imobiliários para compor uma alocação diversificada que gere recorrência de pagamento na conta”, disse o profissional.

“Também vejo que, uma vez que os investidores vejam os pagamentos mensalmente em sua conta corrente, irão criar uma demanda de reinvestimento constante dos dividendos em novas cotas, gerando mais liquidez para o mercado”, completou Marcello. 

Além disso, o economista ainda destaca entre os mercados favorecidos a dívida imobiliária e agrícola, que são os veículos com maior semelhança a CRAs e CRIs do segmento de Fundos Imobiliários.

CRIs e CRAs: entenda as novas regras

Uma das mudanças mais significativas será nos lastros utilizados para os CRIs e CRAs. Empresas que tradicionalmente usavam aluguéis como lastro terão que encontrar alternativas, o que promete redefinir a dinâmica desses instrumentos financeiros.

“A principal mudança será nos lastros utilizados para os CRAs e CRIs. Com a mudança, diversas empresas que antes utilizavam, por exemplo, aluguéis como lastro terão que achar alternativas”, avalia o economista.

A nova regra definida pelo CMN no início de fevereiro impede que empresas não diretamente relacionadas ao agronegócio ou ao mercado imobiliário emitam papéis como LCA, LCI, CRA, CRI e LIG. Desta forma, esses lastros são emitidas por instituições financeiras. Já as letras de créditos CRA e o CRI são emitidos por securitizadoras (companhias de conversão de papéis). Os papéis têm ganhos isentos de imposto de renda.

Outra observação que se faz relevante é que o LCA e LCI têm garantias do Fundo Garantidor de Créditos  (FGC). Já CRA e CRI não tem cobertura do FGC.

Investidores na vantagem

Marcello Corsi ainda vê com mais otimismo as recentes alterações aprovadas pelo CMN do ponto de vista dos investidores. Isso porque, para investidores no mercado imobiliário, as mudanças podem representar oportunidades de valorização das cotas dos fundos,  além do surgimento de novos fundos e aumento de capital, contribuindo para a diversificação das carteiras.

“Como devemos ter um redirecionamento de demanda para o mercado de Fundos Imobiliários, os investidores atuais podem ver uma apreciação dos seus preços de cota de alguns fundos de sua carteira, o que significa que terão ganho no preço das suas cotas”, disse.

Previsões para o mercado de crédito 

No segmento de crédito corporativo, a redução da taxa de juros e a melhora do cenário econômico sugerem um ambiente propício para o aumento da disponibilidade de crédito. No entanto, Marcos Ribeiro, gerente na WIT Corporate ressalta, em resposta ao BP Money, a importância de mitigar os riscos associados, especialmente em um contexto de volatilidade cambial e incertezas econômicas.

No que tange a comparação do juros na perspectiva macroeconômica, o especialista explica que  taxa de juros e a disponibilidade é inversamente proporcional. 

“Quanto maior a taxa básica, menos as empresas se sentem encorajadas a se endividarem. Isso ocorre por dois motivos, o primeiro é relacionado ao aumento do custo do dinheiro e também pela perspectiva negativa acerca da economia.

Atualmente, a taxa básica de juros, Selic, vem passando por sucessivos cortes, o que demonstra melhora nas expectativas e favorece o mercado de crédito. Desta forma, as perspectivas nesse sentido para o ano de 2024 são positivas, à medida que observamos essa redução da taxa e também na melhora do cenário macroeconômico como um todo.