Foto: Reprodução Ambipar
Foto: Reprodução Ambipar

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) entrou com uma ação judicial na 3ª Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro exigindo acesso integral aos autos da recuperação judicial do Grupo Ambipar, incluindo os documentos postos sob sigilo pela companhia de soluções ambientais. 

O ofício encaminhado levanta preocupações sobre a transparência das informações financeiras apresentadas pela Ambipar, que protocolou um pedido de recuperação judicial no último mês. 

Segundo o fato relevante, a CVM afirmou que a Ambipar faltou com a transparência ao não disponibilizar a íntegra da petição inicial e das demonstrações contábeis exigidas pela Lei de Recuperação e Falências

Para a CVM, a companhia enviou apenas parte da documentação solicitada, omitindo principalmente dados financeiros necessários para incluir no pedido, como balanço patrimonial, demonstração de resultados e relatório gerencial de fluxo de caixa. A CVM fala em ocultação de documentos que estão sob segredo de justiça.

A entidade reforçou a essencialidade da prestação desses documentos para verificar a real situação econômico-financeira da empresa, principalmente por se tratar de uma companhia de capital aberto, sujeita a regras de divulgação ainda mais rigorosas. 

A Ambipar argumentou o pedido de segredo de justiça alegando a existência de informações fiscais, bancárias e trabalhistas, além de dados estratégicos da companhia. O Tribunal acatou de forma parcial o pedido, autorizando o protocolo de determinados documentos sob sigilo, dentre eles, a relação empregatícia, bens e patrimônios dos administradores e relatório do fluxo de caixa. 

Crises de Braskem e Ambipar fazem títulos caírem no exterior

As crises das últimas semanas envolvendo risco de reestruturação de dívida da Braskem (BRKM5) e a recuperação judicial da Ambipar (AMBP3) têm impactado no mercado de títulos de empresas brasileiras.

Companhias com um alto índice de risco de crédito tiveram papéis desvalorizados no mercado internacional, como foi o caso da Oi (OIBR3)Tupy (TUPY3)Rumo (RAIL3) e a antiga BRF – fundida com a Marfrig (MBRF3).

As empresas emitem títulos de dívida no exterior, mais conhecido como bonds, com o intuito de captar recursos junto a investidores internacionais e diversificar suas fontes de financiamento. O capital adquirido serve para renegociar dívidas, realizar investimentos em expansão, recompor caixa ou financiar aquisições.

Entretanto, essas companhias ficam expostas à variação cambial, pois a dívida é lançada em dólar.

O movimento, porém, acaba não influenciando na sistemática das operações das companhias no mercado nacional. Em um único mês, por exemplo, as empresas que tiveram seus bonds desvalorizados são as mesmas que passam por momentos delicados, além de Ambipar e Braskem, a CSN (CSNA3) e Movida (MOVI3).

No último mês os títulos de dívida emitidos pela Ambipar no exterior operaram em uma forte desvalorização de 82% no seu valor de face. Esse desconto criou interesse nos investidores que costumam comprar títulos nas mínimas na expectativa de ganho a partir da recuperação dos papéis com a reestruturação da empresa.