Mercado

Debênture sem isenção volta com prazo mais longo após turbulência

Esforço de empresas vem depois de um ano em que a aversão ao risco limitou emissões com prazos maiores

A aversão ao risco nos últimos anos restringiu as emissões de debêntures institucionais com vencimentos mais longos por parte das empresas brasileiras. No entanto, neste ano, espera-se que elas retomem os testes sobre o apetite dos investidores por esses instrumentos, buscando emitir debêntures com prazos mais estendidos.

Embora os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) indiquem um aumento médio no prazo dos títulos institucionais de 2022 para 2023, passando de 5,1 anos para 6,3 anos, poucas operações efetivas foram realizadas com prazos mais estendidos, como sete ou dez anos, de acordo com gestores do mercado financeiro.

O primeiro teste será a transportadora de gás NTS que planeja captar R$ 8 bilhões nesta semana por meio de uma operação em três séries com prazos de cinco, sete e dez anos. Esses recursos serão direcionados para uma operação estruturada, envolvendo a compra de títulos de dívida dos acionistas da companhia. A liquidação está prevista para sexta-feira (16).

Mercado de debêntures

O ano passado foi desafiador para o mercado de debêntures corporativas devido aos eventos relacionados às empresas como Americanas (AMER3), Light (LIGT3) e outras que enfrentaram dificuldades financeiras, conforme explicou Evandro Buccini, gestor de crédito privado da Rio Bravo Investimentos.

No primeiro semestre de 2023, houve uma piora significativa do cenário no mercado de debêntures institucionais, resultando em vários efeitos. Primeiramente, observou-se uma redução nos volumes de emissão. Em seguida, houve uma diminuição nos prazos dos títulos.

Nesse ambiente mais tenso, investidores, como bancos, mostraram-se receosos em relação à capacidade das empresas de cumprir suas obrigações, o que levou a uma certa restrição de crédito. Além disso, os fundos também reduziram suas captações e tornaram-se mais cautelosos em relação a novas alocações.

Diante desse cenário desafiador e com o objetivo de atender às suas necessidades de capital de forma mais imediata, as empresas optaram por encurtar os prazos de vencimento de suas debêntures. No auge da crise, em março, emissões que, em circunstâncias normais, teriam vencimento em cinco anos foram reestruturadas para prazos de três ou dois anos.