Desafio da Via (VIIA3) vai além da recuperação das vendas

Analistas consultados pelo BP Money comentaram os pontos que mais chamaram a atenção nos resultados da Via

Com uma queda de 90% no lucro do primeiro trimestre de 2022 ante o mesmo período de 2021, a Via (VIIA3) tem um grande desafio pela frente, para além da (simples) recuperação das vendas. Segundo analistas ouvidos pelo BP Money, a empresa precisa melhorar sua eficiência em relação aos custos para diminuir os efeitos do cenário da economia atual sobre as suas operações. 

“Um dos pontos de destaque no balanço do primeiro trimestre de 2022, na Via, foi a recuperação das margens, graças a um maior controle sobre despesas gerais e administrativas, especialmente despesas com pessoal. Os grandes desafios para empresa é recuperar as vendas e melhorar a eficiência em relação aos custos”, disse Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

Os custos que devem ser diminuídos pela companhia para melhorar os resultados, segundo o analista, estão relacionados a logística, aluguel, encargos trabalhistas e energia. Em comunicado, junto a divulgação de seus resultados, a Via informou que, na questão logística, está reduzindo custos e que “este é só o começo”.

A Via informou que sua performance sofreu com os impactos da pandemia de covid até meados de fevereiro. “O desempenho do GMV bruto de lojas físicas (R$ 5,5 bi e crescimento de 2,9%) e da receita bruta no 1T22 reflete principalmente um início de ano (de janeiro até meados de fevereiro) com um fluxo e performance ainda impactados pelas inseguranças causadas pela pandemia de covid-19 e aumento de número de casos da variante ômicron”, disse a empresa. 

A partir da metade de fevereiro, entretanto, a companhia notou uma mudança nesse comportamento dos consumidores, com um maior tráfego nas ruas, maior retomada das atividades presenciais e uma melhoria nas vendas do canal off-line. Apesar da recuperação das margens, dado o cenário desafiador, o analista Mauricio Rahmani, da Reach Capital, a Via sofreu com a queima de caixa. Rahmani afirmou que um dos pontos negativos de destaque da empresa foi o aumento da inadimplência, seguido da queima de caixa.

“No trimestre, eles queimaram bastante caixa, é bem preocupante, porque a companhia está bem alavancada e teve uma parte de demandas judiciais trabalhistas, que levou a uma queima de caixa bastante relevante. Essa é a preocupação principal do mercado hoje em relação à companhia”, disse o analista. 

Para Chinchila, da Terra Investimentos, a Via deve sofrer para retomar ganhos fortes de market share, já que o ambiente online, que foi bastante utilizado pela empresa durante a pandemia, perdeu um pouco de força com a retomada da população às ruas. 

“A inflação e baixo crescimento da economia brasileira ainda mostra sinais no setor de varejo, com aumento da alavancagem e deterioração da qualidade de crédito, realidade compartilhada por muitos players do varejo. A grande questão é como e quando a Via deve retomar o crescimento e ganhos de market share, principalmente em um ambiente mais desafiador no mundo online”, disse Chinchila.

Mesmo com a queda no lucro, a companhia chegou a ter uma alta de 5,95%, com os papéis cotados a R$ 2,87, por volta das 10h17 desta terça-feira (10). De acordo com o analista da Terra Investimentos, isso ocorreu porque o mercado de ações acompanha as expectativas dos analistas, e em alguns vetores a Via entregou acima do esperado, como nos resultados do Ebitda e lucro líquido. 

Veja também: Via (VIIA3) tem retração de 90% no lucro

“A volatilidade deve permanecer nas ações da Via porque o cenário gera dúvidas sobre o crescimento da empresa. Além disso, a inadimplência de 90 dias mostrou crescimento tanto na comparação anual quanto na trimestral e este ponto deve tirar o sono dos investidores da empresa”, pontuou Chinchila.

A Via destacou em seu comunicado ao mercado que continua com o seu plano de expansão retomado em 2021. A empresa abriu 22 novas lojas das Casas Bahia, sendo 16 lojas inauguradas na região Norte e Nordeste, em linha com a sua estratégia de “atingir novas praças, ganhar share e fortalecer sua omnicanalidade com potencialização da venda online e dos serviços logísticos”.

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