A taxa de desemprego do Brasil caiu para 6,4% em setembro, segundo a Pnad contínua divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (31). O resultado ficou abaixo da expectativa do mercado de 6,5% e representa a segunda menor taxa da série histórica.
O rendimento real habitual de todos os trabalhos caiu 0,3% no período, segundo o IBGE. A massa de rendimento real habitual cresceu 0,8%. A taxa de emprego formal subiu 0,46%, mais do que o emprego informal (+0,23%).
“O mercado de trabalho segue bastante robusto no terceiro trimestre, indicando modesta desaceleração na margem e sustentando a expectativa de crescimento forte em 2024”, disse Leonardo Costa, economista do ASA.
Dado está sendo avaliado como positivo por especialistas, visto que um mercado de trabalho mais aquecido significa que as empresas estão contratando mais e, consequentemente, há mais pessoas com poder de compra. Por outro lado, a força do emprego pode significar mais inflação.
Isso porque, com o aumento dos custos para as companhias, devido a mais contratações e salários maiores, há repasse para os produtos. Diante disso, o Copom (Comitê de Política Monetária) deve dar segmento ao ritmo de altas da Selic na próxima reunião, que acontece nos dias 5 e 6 de novembro.
“O dado reforça o quadro de hiato positivo da economia brasileira, tardiamente explicitado pelo BC. Somando isso ao quadro de desancoragem de expectativas e à percepção ruim sobre o fiscal, o BC deve acelerar o ritmo de alta da Selic para 50 bps já na próxima reunião”, destacou o economista Maykon Douglas.
Megale projeta inflação a 5% devido a perspectivas pressionadas
Na análise de Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, a inflação no Brasil este ano deve ir além do limite de tolerância da meta estabelecida pelo BC (Banco Central) e chegar ao patamar de 5% ou mais.
Em entrevista exclusiva ao BP Money, o economista ressaltou que os fatores determinantes para a inflação precisam ser observados de perto. Um desses fatores seria a atividade econômica “muito forte”, deixando margem para que pressões de custos sejam repassadas para preço.
“Há perspectivas de aumento de impostos para as empresas, a taxa de câmbio se desvalorizou, os salários estão subindo, tudo isso é custo para as empresas. Então, eu diria que ao redor desses 4,5% [onde a inflação está atualmente] é mais provável que a gente tenha uma inflação para cima, digamos 5%, 5 e pouco, do que mais perto dos 3%, que é a meta”, afirmou.
Megale alertou que o BC precisa estar atento nesse sentido, visto que, com a posição ao limite de tolerância, uma inflação mais alta sugere um desequilíbrio econômico.
“Não só o Banco Central tem que prestar atenção e reagir, como está reagindo, subindo a taxa de juros, mas também a questão das despesas públicas são importantes, porque as despesas públicas são outro fator que impulsionam a demanda interna”, disse Megale.
“Precisamos reequilibrar a oferta e a demanda, dar uma esfriadinha na demanda. Não só os juros têm que subir um pouco, mas também os estímulos fiscais tem que ser mais equilibrados também”, apontou.
Apesar disso, o economista-chefe da XP destacou que a inflação atual não está historicamente alta, pois a média histórica é entre 6% e 6,5%. Para ele, a meta de 3% do BC é “internacionalmente mais adequada”, pois as economias emergentes mais estáveis do mundo têm o mesmo objetivo.