Oi (OIBR3): dívida deve ser destaque no resultado do 2T22

Mas, mesmo com queda na dívida, segundo especialistas consultados pelo BP Money, cenário para a tele seguirá desfavorável

Após reportar um lucro surpreendente para o mercado no primeiro trimestre, a expectativa, agora, gira em torno da publicação do balanço da Oi (OIBR3) referente ao segundo trimestre, que será realizada na quinta-feira (11). De acordo com especialistas, o maior destaque para o segundo trimestre deve ser a queda nas dívidas da companhia de telecomunicações, que deve sair de R$ 33 bilhões para R$ 20 bilhões.

“Um destaque para o segundo trimestre será a alavancagem. Com o pagamento de algumas dívidas nos últimos meses, a dívida bruta deve sair de R$ 33 bilhões para R$ 20 bilhões”, disse Fabiano Vaz, analista da Nord Research. 

“Apesar da amortização, a alavancagem ainda continuará bem alta e vai gerar despesas com juros relevantes”, complementou Vaz.

A Oi encerrou o primeiro trimestre deste ano com um lucro líquido de R$ 1,782 bilhão, o que deu um certo fôlego para os papéis da empresa na bolsa de valores de São Paulo (B3), mas por um curto prazo. 

De acordo com o analista da Nord Research, assim como nos últimos trimestres, o destaque positivo, além da diminuição das dívidas, será o segmento de fibra ótica da companhia. 

“Neste segmento a companhia já alcançou 3,5 milhões de casas conectadas no primeiro trimestre. O segmento residencial é o mais relevante para a Oi e deve continuar sendo assim no segundo trimestre. O bom crescimento da fibra vem compensando a queda da receita das operações de telefonia fixa e banda larga por cobre”, disse Vaz.

O analista CNPI da MundoInvest, Guilherme Paiva, também destacou que algumas dívidas da empresa devem sair do balanço e dar um novo respiro para a empresa nos resultados. 

“Uma das expectativas é que o endividamento da Oi fique menor no segundo trimestre”, disse Paiva.

“A Oi está se colocando no mercado de outra forma e está atuando em um novo core business, saindo desse processo de recuperação judicial, se desfazendo dos ativos e tendo caixa suficiente para pagar seus credores ao longo dos próximos anos. A empresa vai conseguir se colocar no mercado de fibra e vai passar a se concentrar nisso, onde ela se propõe a estar entregando soluções com uma qualidade maior, atendendo tanto pessoas físicas quanto jurídicas, e com uma nova visão de futuro, se preocupando com experiência do cliente e se fazendo presente no mercado e adotando esse como seu core business”, complementou o analista. 

Paiva destacou que a finalização da recuperação judicial é muito importante para a companhia neste momento. Isso porque traria uma maior saúde financeira para a tele.

“No primeiro trimestre a Oi teve um lucro considerável. A empresa vem mantendo resultados operacionais bons, se desfazendo de alguns ativos e se desfazendo das amarras judiciais por conta da recuperação judicial. Com isso, ela vai conseguir se tornar mais saudável financeiramente”, disse Paiva.

Ações da Oi abaixo de R$ 1; quais são as perspectivas para os papéis? 

Quando a Oi chegou à bolsa, em 2012, suas ações eram cotadas a R$ 79. Os papéis da companhia encerraram o pregão desta terça-feira (9) cotadas a R$ 0,63, com uma queda de 3,08%.

Para Fabrício Gonçalvez, Ceo da Box Asset Management, o cenário macroeconômico é o maior vilão da Oi, hoje, na bolsa de valores. A explicação é que com os juros cada vez mais altos para conter a inflação crescente, a empresa deixa de ser uma opção para os investidores. 

“Em um cenário como o atual, companhias como a Oi, que aqui no mercado a gente chama de turnaround, empresas em reestruturação, tornam-se não tão atrativas. Essas empresas, que geralmente tem fluxo de caixa estendido para os próximos anos e não dão lucro no presente, deixam de fazer sentido na carteira do investidor”, disse Gonçalvez.

Para o especialista do mercado financeiro, em momentos econômicos como esse o mais comum é mirar em empresas já consolidadas – que devem oscilar menos na bolsa – o que não é o caso da Oi.