Concentração de lucros

Dividendos: especialistas explicam mais volume, menos empresas

No primeiro semestre, o pagamento de proventos disparou 40%, embora tenha havido menos empresas pagadoras no período

Dividendos
Foto: Freepik

Embora a Bolsa de Valores (B3) tenha acumulado muitas perdas no primeiro semestre, levando o Ibovespa a ostentar o rótulo de terceiro pior índice do mundo, a distribuição de dividendos foi satisfatória. Segundo dados da fintech Meu Dividendo, o pagamento de proventos no 1S24 disparou 40% – um total de R$ 165 bilhões.

Deste montante, R$ 90 bilhões equivalem ao pagamento em dividendos, R$ 60 bilhões em JCP (juros sobre capital próprio) e R$ 15 bilhões em outros proventos. O valor representa três quartos do que foi pago ao longo de todo o ano passado.

Apesar do aumento no volume, houve menos empresas pagadoras no período. Especialistas ouvidos pelo BP Money explicaram que este fenômeno é atribuído ao “desempenho excepcional” de algumas grandes corporações, como Petrobras (PETR4) e Itaú Unibanco (ITUB4), que desbancaram empresas menores.

“Estas empresas apresentaram resultados financeiros sólidos e implementaram políticas de distribuição de dividendos mais agressivas. Em contraste, empresas menores ou com desempenhos financeiros mais fracos reduziram ou suspenderam seus dividendos, resultando em uma concentração dos pagamentos em um grupo seleto de grandes companhias”, disse Marlon Glaciano, gestor financeiro e especialista em investimentos.

“Empresas como Petrobras e Itaú se beneficiaram de suas políticas de distribuição de lucros e de um desempenho financeiro sólido. Em contrapartida, algumas empresas menores ou aquelas que enfrentaram dificuldades operacionais ou financeiras não conseguiram manter o mesmo nível de distribuição de dividendos, impactando negativamente suas avaliações no mercado”, complementou Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações.

Dividendos: maiores pagadoras e expectativas para o 2º semestre

No top 3 de distribuição de dividendos, figuraram: Petrobras (PETR4), com R$ 55,5 bilhões distribuídos, o Itaú (ITUB4), com R$ 22,2 bilhões em proventos, e Vale (VALE3), pagando R$ 12,4 bilhões.

Outras empresas do ramo financeiro aparecem na lista de maiores pagadoras, como Banco do Brasil (BBAS3), com R$ 7,4 bilhões pagos, Bradesco (BBDC4), pagando R$ 7,2 bilhões e Santander (SANB11), com distribuição de R$ 4,5 bilhões.

Aparecem no ranking também a Telefônica Brasil (VIVT3), com R$ 3,1 bilhões em proventos e a Cemig (CMIG4), com R$ 2,9 bilhões.

Para o segundo semestre, Marlon aconselha investidores a ficarem de olhos nos setores de energia e financeiro, além das três empresas listadas como as maiores pagadoras.

“Empresas como Petrobras, Itaú e Vale, que já demonstraram um forte desempenho no pagamento de dividendos, continuam a ser promissoras devido às suas políticas de distribuição agressivas e resultados financeiros robustos. No segmento de energia, a Auren também é uma aposta, apesar de expectativas menores em relação aos dividendos futuros”, pontuou Glaciano.

Já para Fabio Murad, as expectativas para o segundo semestre do ano são “mistas”. Isso porque, embora espera-se que as empresas com forte geração de caixa e políticas de dividendos consistentes continuem sendo boas pagadoras, há preocupações em relação ao cenário macroeconômico.

“A volatilidade econômica e as incertezas políticas podem impactar negativamente a distribuição de dividendos em alguns segmentos”, destacou Murad.

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