Montar uma carteira diretamente na Bolsa ou aplicar em fundos que contam com dividendos? Para analistas, a aplicação em fundos pode resultar em menos risco, ainda que as duas opções funcionem para tipos diferentes de investidores.
Segundo Fernando Camargo Luiz, sócio e gestor da Trópico Investimentos, o fundo consegue obter escala para reinvestir os proventos recebidos com mínimos custos de transação, e assim, a tributação em movimentações de rebalanceamento, além de manter um estrito controle da relação risco-retorno produzido pela estratégia. Dessa forma, quando a opção é por aplicar em um fundo de investimento, o investidor delega ao gestor a escolha dos ativos e o momento de compra e, assim, incorre em menos riscos.
“Tendo em vista o interesse da gestão e dos cotistas de permanecerem por anos investindo em empresas maduras, consolidadas em seus setores, líquidas e fortes geradoras de proventos, é possível se aproveitar de operações de aluguel de ações (a taxas melhores que aquelas tipicamente oferecidas às pessoas físicas), executar operações de venda coberta de opções e até proteções contra quedas mais acentuadas, tendo em vista a liquidez dos papéis na bolsa – todas estas estratégias com ótimo potencial de geração de retorno adicional ao longo do tempo”, explicou Luiz, em nota, responsável pela gestão do fundo Trópico Schweitzer DIV FIA.
Ainda, segundo o analista, fundos voltados para dividendos buscam um portfólio menos arriscado de empresas, com menos volatilidade que o Ibovespa e com mais retorno no tempo.
Com isso, para Luiz, aplicar através de fundos em dividendos é uma forma de investidores estarem na bolsa de valores sem assumirem riscos relacionados às empresas em crescimento (growth), que dependem de fluxo de capitais, ou descontadas (value), cuja incerteza quanto ao futuro dos negócios leva vários investidores a abandoná-las antes de sua maturação, por medo, receio ou falta de conhecimento dos negócios.
“O recebimento periódico de dividendos ou proventos diminui a dependência das oscilações de preço e humores do mercado para rentabilização do capital, além de possibilitar a construção de fluxos de renda passiva – seja para reinvestimento, seja para custear outros objetivos financeiros”, complementou.
Dividendos de empresas
Tipicamente, as melhores pagadoras de dividendos são empresas maduras, com posições consolidadas em seus respectivos setores, com capacidade de geração de resultados estruturalmente superiores à sua necessidade de reinvestimento e posição financeira saudável.
Mesmo assim, Guilherme Gentile, head de análise da Dividendos.Me, apontou, em nota, que pode haver um equívoco quando investidores veem listas de ações voltadas a dividendos que performaram bem no passado. “É preciso lembrar que, em alguns casos, as empresas têm eventos extraordinários que ocasionam em distribuição fora do comum e podem levar o investidor a acreditar que aquele dividendo se repetirá no futuro”, finalizou Gentile.