Mundo

Dólar deve manter atual patamar ao longo de 2024, dizem analistas

O dólar se encaminha para encerrar 2023 com desvalorização significativa perante o real

O dólar se encaminha para encerrar 2023 com desvalorização significativa perante o real. Nesta quinta-feira (21), a moeda americana fechou com queda de 0,70%, cotada a R$ 4,88. No ano, o recuo da moeda ficou na casa dos 7%.

Analistas ouvidos pelo BP Money acreditam que devido a fatores internos e externos da economia, a moeda estrangeira deva permanecer no atual patamar com tendência maior de queda ao longo de 2024.

Os especialistas avaliam que os indicativos do BC (Banco Central) de manter o ciclo de corte na Selic em 0,5 p.p e do Fed (Federal Reserve) nos EUA de iniciar a redução na taxa de juros ainda no primeiro semestre, são fatores que contribuem com a visão de que o real tem mais chances de se sobressair ante o dólar.

“É fundamental o investidor ficar muito atento em 2024 no que vai acontecer em relação aos juros no mundo. Com juros altos nos Estados Unidos, a gente pode ter uma valorização de dólar no mundo. Um cenário mais difícil porque os dados recentes de inflação apontam para uma queda de juros por lá, o que ocasionaria na saída de capital de lá para outros países. Com isso, me parece que o dólar a princípio não terá um ano de alta em 2024”, projetou o analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, Rodrigo Cohen.

A economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, avalia que o papel do BC será crucial para determinar os rumos do câmbio no próximo ano.

“O comportamento que a gente pode colocar como cauteloso do Banco Central, faz com que a gente tenha um vetor positivo para a taxa de câmbio. A gente tem um diferencial de juros que pode vir a ajudar a nossa moeda, então a união de um Banco Central que está cortando 50 p.p., mas está fazendo isso com um desconto conservador e também o fato de que a gente tem uma perspectiva de uma balança comercial ainda bem positiva para o ano que vem, faz com que a taxa de câmbio tenha esses vetores pro valorização do real. Reconhecemos que algumas forças podem fazer a moeda brasileira performar bem”, analisou a economista.

Desempenho em 2023

Em 2023, o dólar enfrentou significativa volatilidade. A moeda foi afetada pela taxa de juros, cenário político com um novo governo, política fiscal e uma nova guerra.

“Eu vejo que o desempenho do câmbio em 2023 foi causado mais por fatores internos do que externos. Nós temos um cenário em 31 de dezembro do ano passado, com o câmbio fechando na casa dos R$ 5,20, R$ 5,21 e ontem [quarta-feira] fechou na casa dos R$ 4,87. Se comparada com o fechamento de 2022, houve queda de 7%. Então caiu bem, eu acho que isso é muito reflexo dos fatores internos aqui do Brasil, com a troca de governo”, analisa o diretor da mesa de câmbio e investidor não residente da Planner Investimentos, Douglas Ferreira.

“Nós tivemos o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que mostrou uma proatividade que o mercado viu com muitos bons olhos em promover a questão da reforma tributária, sugeriu o novo arcabouço fiscal, que foi acatado pelo Legislativo, em substituição ao teto de gastos, tudo isso com o objetivo de controlar os gastos públicos e impulsionar a economia”, acrescentou.