Valorização frente ao real

Dólar chegará aos R$ 6 até o final de 2024?

Na última sexta-feira (1), a moeda norte-americana chegou ao patamar de R$ 5,90, o maior desde o início da pandemia, em 2020

Dólar
Foto: Freepik

O dólar chegou ao patamar de R$ 5,90 na última sexta-feira (1), o maior nível desde o início da pandemia de covid-19, em 2020. Com esse desempenho, a moeda acumulou alta de 6,13% desde o fim de setembro e 20% em 2024.

Já nessa segunda-feira (4), no Boletim Focus, a mediana das projeções para o dólar em 2024 cresceu de R$ 5,45 para R$ 5,50.

Especialistas consultados pelo BP Money veem essa alta acelerar ainda mais, com a moeda chegando aos R$ 6 até o final do ano. Os fatores que influenciam essa projeção vão desde eventos econômicos e políticos no cenário doméstico até pressões vindas do exterior.

Para Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, existe a possibilidade do dólar chegar aos R$ 6, devido, sobretudo, às incertezas quanto ao fiscal. “A moeda está subindo devido ao cenário de risco percebido por investidores, que reagem às incertezas econômicas internas e externas”, disse Monteiro.

Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, concorda, destacando que nem mesmo o início do ciclo de corte de juros nos EUA tem aliviado a pressão sobre a moeda, como normalmente acontece.

“Entre janeiro e setembro, o país viu a saída de mais de US$ 52 bilhões, refletindo a preocupação dos investidores com a capacidade do governo de cumprir suas metas fiscais e controlar o crescente endividamento. Além disso, questões políticas, bem como declarações, aumentaram o risco percebido pelos investidores”, afirmou Lima.

Há ainda as expectativas em relação às eleições norte-americanas. Segundo José Alfaix, economista da Rio Bravo, é mais plausível que o dólar ganhe força globalmente sob o comando de Donald Trump.

“Pelo lado do fiscal, ambos os candidatos ameaçam deixar a trajetória da dívida ainda mais divergente. O aumento da dívida pública deve demandar maior “prêmio” por parte dos investidores no médio-prazo, entretanto, Trump tem plano de governo mais deficitário, e as políticas protecionistas  devem prejudicar mais as moedas emergentes, afetando a demanda por produtos estrangeiros, e por consequência, a balança comercial dos mesmos”, explicou Alfaix.

O que deve ser feito para conter a alta do dólar?

De acordo com Carlos Braga Monteiro, para conter essa alta, o governo brasileiro deve focar em políticas fiscais mais restritivas e medidas para atrair capital estrangeiro. “Isso ajudaria a estabilizar o câmbio e reduzir a pressão inflacionária”, destacou.

Além do controle dos gastos públicos, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike chamou atenção para a atuação do BC (Banco Central) em relação aos juros. “Se necessário, o Copom deve ser mais rigoroso em relação a alta dos juros para se ter uma compensação sobre as moedas”, disse.

Nesta segunda (4), investidores aguardam ansiosos os desdobramentos da reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Luiz Inácio Lula da Siva (PT). Haddad cancelou uma viagem que faria à Europa à pedido de Lula, em meio à pressão por medidas fiscais.

A informação é de que o governo pode anunciar ainda nesta segunda-feira o pacote de corte de gastos. O movimento já promoveu um alívio no mercado. Às 11h16 (horário de Brasília), a moeda recuava -1,33%, cotada a R$ 5,7900.