O dólar tem se depreciado ante o real, ao passo que a divisa norte-americana enfrenta um momento delicado. Durante este primeiro semestre, a moeda dos EUA teve seu pior desempenho, como explicou o economista do Banco Master, Paulo Gala.
A divisa dos EUA já acumula queda de cerca de 10% em 2025 — sua pior marca para um primeiro semestre desde 1973. Na perspectiva de especialistas ouvidos pelo BP Money, parte dessa depreciação ante o real é motivada por fatores envolvendo a política econômica do governo de Donald Trump, bem como pelas apostas em torno de cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve).
Dólar e cenário econômico atual
“O dólar acaba caindo tanto pelo ponto de as ações estarem descontadas quanto pela questão da nossa taxa de juros real”, explicou o economista da casa de análise Top Gain, Bruno Cotrim. Segundo o especialista, a taxa de juros real brasileira é muito atrativa, sendo a terceira mais alta do mundo.
Diante desse cenário, a Bolsa brasileira se torna atrativa para investidores que não querem tomar risco. “O investidor paga uma taxa de juros real bem legal para quem não quer correr risco, e temos aí uma perspectiva de manter essa taxa mais alta por mais tempo”, acrescentou Cotrim.
Para ele, a tese é reforçada por falas de Gabriel Galípolo, presidente do BC (Banco Central), que destacou não haver horizonte para o início dos cortes na taxa de juros.
“O Brasil se torna um país atrativo pelo crescimento, principalmente em cima de commodities, e também se torna muito atrativo pela taxa de juros real”, concluiu Cotrim.
Impacto de fatores externos e internos
Além disso, o diretor da mesa de câmbio e investidor não residente da Planner Investimentos, Douglas Ferreira, apontou que o recente pacote fiscal, que beneficia alguns setores da economia norte-americana, contribuirá para o aumento da dívida pública dos EUA. “Isso causa a redução da atratividade dos títulos americanos para investidores, gerando essa desvalorização que tem muito a ver com as questões domésticas dos Estados Unidos”, disse.
Por fim, o analista de investimentos do Andbank, Fernando Bresciani, reforçou a ideia de que a guerra tarifária, bem como as incertezas em relação à economia do país norte-americano, acabam sendo os principais fatores. Mas trouxe o questionamento: “A grande dúvida agora é: como a economia americana vai se comportar daqui pra frente? Essa resposta será crucial para entender a tendência do dólar nos próximos meses.”