Dólar: o que explica desvalorização da moeda?

Na última quarta-feira (14), o dólar recuou ao menor patamar desde 6 de junho de 2022

Na última quarta-feira (14), o dólar recuou 1,14%, cotado a R$ 4,80, o menor patamar desde 6 de junho de 2022, quando fechou o dia sendo negociado a R$ 4,79. Em meio a uma queda acentuada da moeda norte-americana, a pergunta que fica é: o que tem ocasionado esse enfraquecimento?

De acordo com Luan Alves, analista-chefe da VG Research, o arrefecimento da inflação norte-americana tem feito os investidores estrangeiros desenvolverem um apetite maior ao risco, beneficiando diversos países emergentes, como o Brasil. 

“Estamos vendo um movimento global de pró-risco. Com a melhora do quadro de inflação nos EUA, muitos investidores estão investindo em países emergentes, como México, Brasil, Chile e Colômbia. Está havendo uma grande entrada de fluxo de capital estrangeiro”, disse Alves ao BP Money. 

Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos, ainda explica que o patamar atual da taxa de juros brasileira e manutenção da taxa de juros dos EUA também permitiram a entrada de capital estrangeiro no Brasil, fortalecendo o real frente ao dólar. 

“O patamar do dólar está caindo por alguns motivos. A manutenção da taxa Selic, atualmente em 13,75%, e a manutenção da taxa de juros norte-americana acabaram criando um cenário favorável para a entrada de fluxo de capital estrangeiro no Brasil, por exemplo”, afirmou.

O dólar irá cair ainda mais? 

Para quem planeja viajar para fora ou investe no exterior, a pergunta que também não quer calar é: o dólar cairá ainda mais? Segundo Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, a tendência é que a moeda estrangeira se recupere no curto prazo e volte a recuar nos próximos meses.

“No longo prazo ainda há uma expectativa de desvalorização do dólar, porém para o curto prazo uma pequena retomada no valor da moeda é totalmente factível de acontecer por conta de sua desvalorização nos últimos dias ter sido extremamente agressiva”, pontuou.

Na visão de Costa, há ainda espaço para o dólar cair mais alguns centavos perante o real. No entanto, o analista financeiro ainda reitera que a moeda norte-americana pode voltar a subir caso o Banco Central brasileiro comece a cortar juros a partir do segundo semestre, o que resultaria em uma fuga de capital estrangeiro.

“O dólar também não está se fortalecendo frente às moedas internacionais, é um movimento global. Apesar disso, eu não acredito que o dólar vá perder muito mais espaço para o real. Talvez caia alguns centavos ainda, algo entre dez a vinte centavos ficaria muito próximo da paridade justa. O que pode atrapalhar é o BC começar a cortar juros no segundo semestre e aumentar a pressão sobre a moeda norte-americana”, detalhou o sócio da Fatorial Investimentos.