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Dólar dispara novamente; por que a moeda voltou a subir?

O dólar fechou a sessão desta terça-feira (3) com forte alta de 1,73%, cotado a R$ 5,15

O dólar fechou a sessão desta terça-feira (3) com forte alta de 1,73%, cotado a R$ 5,15. Desde o dia 28 de março o valor não era tão alto. Naquele dia a cotação da moeda americana encerrou a R$ 5,16.

A nova disparada do dólar pegou muita gente de surpresa, mas analistas ouvidos pelo BP Money indicam que a o desempenho é reflexo do pessimismo vindo dos EUA em relação a taxa de juros do País.

Para Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, os dados fortes de aberturas de vagas nos EUA, publicados nesta terça, indicam que a economia americana continua mostrando robustez e que mais um aumento dos juros deve ser inevitável.

“Após a divulgação dos dados de aberturas de vagas em agosto acima das expectativas, a crença é de que o higher for longer está mais forte do que nunca. Mas o mais importante, a meu ver, é que dados positivos de emprego são interpretados como indicadores de aumento de risco e orientam decisões na direção da cautela. Em tempos normais mercado de trabalho forte seria motivo de celebração. No atual contexto é um alerta de que algo pode dar muito errado. O temor é de que juros altos por tempo indeterminado na principal economia do planeta vão gerar impactos para todos os lados e o jogo pode virar. O terreno está fértil para previsões auto-realizáveis e não sabemos ainda mapear com precisão onde estão as maiores fragilidades”, analisou Igliori.

O pensamento de William Lee, Head de Cripto da InvestSmart, vai na mesma linha. Ele avalia que a notícia da possibilidade de aumento de juros causou impacto no preço do dólar.

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“Isto fez o dólar subir porque, com este novo discurso, aumentou a percepção de risco dos investidores. Quando a percepção aumenta, os investidores, em geral, e o mercado financeiro tendem a ir para ativos e moedas mais seguras, como é o caso do próprio dólar. É um pensamento similar a “por que eu investiria em uma Renda Fixa no Brasil, sendo que aqui no Brasil as taxas de juros estão começando a diminuir, ou seja, estão perdendo a rentabilidade, sobretudo no pós fixado, se nos EUA está aumentando?”. Eu estou aumentando a minha rentabilidade em uma moeda mais forte, com uma taxa de juros maior. Então, diante dessa notícia da possibilidade de aumento da taxa de juros, houve uma evasão dos investidores para os EUA”, pontuou.

Ibovespa segue exterior e fecha em queda

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, encerrou a terça-feira (3) em queda de 1,42%, aos 113.419 pontos. Já o dólar comercial subiu 1,73%, cotado a R$ 5,15.

Sem grandes novidades no cenário local, as atenções do mercado estiveram voltadas para o exterior nesta terça-feira.

Além dos temores sobre uma eventual recessão econômica global, os investidores repercutiram novas indicações de que a taxa de juros dos EUA deve seguir em patamares elevados por mais tempo.

A previsão ganhou força após a divulgação do relatório Jolts, de abertura de vagas de trabalho, ter registrado uma alta inesperada em agosto. O documento reportou um aumento de 690 mil postos no mês, totalizando 9,610 milhões. A expectativa de mercado era de 8,8 milhões de empregos.