Dólar em queda: é hora de comprar?

Moeda americana encerrou semana cotada a R$ 4,91

A movimentada semana para a economia brasileira se encerrou com um tom de otimismo, o que pode ser refletido na queda brusca do dólar. A moeda norte-americana fechou o pregão da última segunda-feira (10) com alta de 0,16% e cotada a R$ 5,06. Cenário completamente diferente desta sexta (14), quando encerrou o período valendo R$ 4,91. 

Para o analista de investimentos do Andbank, Fernando Bresciani, a junção de vários acontecimentos ao longo dos últimos dias ajudou o dólar a chegar a essa patamar tão baixo. 

“Tem o IPCA um pouco mais fraco que o esperado, a entrada de dinheiro e a expectativa de um arcabouço que, entre críticas ou elogios, é alguma coisa. Temos também um indicativo de que o BC possa cortar juros”, disse o especialista ao BP Money. 

“O dólar é uma consequência de uma série de eventos, não é um fator. Se você tem o mundo mais positivo, com a economia americana bem, uma Europa caminhando, a China se recuperando, nenhuma crise bancária e aqui o governo conseguindo aprovar o arcabouço fiscal e entregando algumas metas de crescimento plausíveis, ele vai continuar caindo, mesmo porque começaram algumas captações externas”, acrescentou Bresciani. 

Apesar do quadro otimista, Bresciani pede cautela para quem pensa em comprar dólar por agora. Ele reforça que o real de fato foi uma das moedas que mais se valorizaram neste ano, porém é preciso uma análise mais cautelosa para fazer qualquer tipo de movimento. 

“Se você acredita que o pior do mundo já passou, que a inflação lá fora cedeu e aqui também e se você acredita em cenário positivo, talvez seja sim a hora de comprar. Mas se você tem alguma dúvida é bom lembrar que o IPCA ainda tem algumas surpresas. É bom lembrar que a Opep, de vez em quando, faz movimentos como cortes de produção, que impacta na inflação. Agora se o mundo entra numa dinâmica positiva, é a hora sim de comprar”, pontua. 

Fatores internos e externos ajudam a explicar queda

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Depois do anúncio, na última terça-feira (11), de que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) desacelerou em 0,71% em março, abaixo da expectativa do IBGE e do consenso Refinitiv que previa inflação de 0,77%, o clima de otimismo reinou no mercado brasileiro.

Para analistas ouvidos pelo BP Money, a boa notícia vinda do IPCA e a expectativa em torno dos projetos do governo na área econômica explicam, em parte, a euforia de hoje.  

“Os principais fatores que ajudam para esse fortalecimento do real frente ao dólar são locais, notadamente uma percepção positiva de parte do mercado sobre o cenário fiscal e a respectiva aprovação do novo arcabouço no Congresso Nacional, e o dado de inflação brasileira publicado hoje ligeiramente melhor que o esperado”, avalia o diretor de investimentos da Nomad, Celso Pereira. 

“Vale ressaltar que o dólar vem apresentando esse mês uma tendência de enfraquecimento em relação às principais moedas do mundo. O índice DXY era de 102.204 às 15:37 nessa terça-feira, acumulando queda aproximada de (-) 0.72% nesse mês de abril”, acrescenta Pereira. 

Outra explicação para o bom resultado desta terça vem do exterior. “A desvalorização do dólar não ocorre apenas ante o real, mas também contra outras divisas emergentes, como o peso mexicano e o peso colombiano. O mercado hoje tem uma preocupação de que a economia americana deve entrar em recessão, mesmo que leve, e isso contribui para a desvalorização do dólar no mundo”, disse o CEO do transferbank, Luiz Felipe Bazzo.

“No cenário global, com as altas nos juros nos EUA chegando ao fim e o diferencial de juros favorável, o patamar abaixo de R$ 5 pode ser sustentável”, acredita Bazzo.