O dólar subiu 2,42% nesta terça-feira (26), fechando o dia cotado a R$ 4,9947. No mês, a divisa acumula alta de 7,14%. No ano, o acumulado ainda é negativo, de 10,41%. O Ibovespa recuou mais de 2%, chegando aos 108.363 pontos.
O câmbio segue a tendência mundial, afetado por temores de aumento de juros nos EUA. Na última quinta-feira (21), Jerome Powell, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), indicou que a autoridade monetária pode considerar aumentar a taxa de juros em meio ponto percentual na próxima reunião do Fomc (Comitê de Política Monetária), marcada para os dias 3 e 4 de maio.
O Brasil deve seguir na mesma linha, com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçando a intenção de aumentar a Selic (taxa básica de juros) em um ponto percentual em maio. Campos Neto afirmou que o Copom (Comitê de Política Monetária) “persistirá em sua estratégia até que o processo de desinflação e a ancoragem das expectativas em torno de suas metas se consolide”.
Influencia na cotação do dólar as incertezas nas cadeias produtivas globais, com notícias de um possível lockdown em Pequim, capital da China. Xangai, o centro financeiro do país, adotou medidas de restrição mais severas para conter o surto de covid-19 na China.
O Boletim Focus divulgado hoje pelo Banco Central reitera a opinião do mercado de que a inflação continuará alta no Brasil. O primeiro relatório divulgado em um mês devido à greve dos servidores do BC apontou que o mercado financeiro espera que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) seja de 7,65%. A taxa é 0,79% mais alta do que o divulgado no último relatório. Os agentes financeiros aguardam a divulgação do IPCA-15, marcado para quarta-feira (27).
A alta do dólar também reflete os temores acerca dos desdobramentos da guerra na Ucrânia, que completou dois meses no domingo (24). Na segunda-feira (25), o ministro das relações exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que o risco de uma guerra nuclear é “real e não deve ser subestimado”.