Análises cautelosas

Dólar está mais para R$ 5 ou R$ 7? Cenário externo e interno pressionam real

Para 2025, a percepção é de que o câmbio dependerá da capacidade do governo brasileiro de estabilizar as contas públicas

Dólar tem nova queda e chega a R$ 4
Foto: Dólar / Divulgação

O ano é novo, mas algumas preocupações permanecem antigas. Na primeira semana de 2025, especialistas do mercado financeiro voltam a especular sobre o rumo do dólar. Essa situação se repete, considerando que, em meados de 2024, parecia “inconcebível” que a moeda norte-americana atingisse R$ 6,00 — o que acabou acontecendo.

Atualmente, os especialistas seguem ajustando suas projeções, mas com maior cautela. Profissionais ouvidos pelo BP Money apontaram que o contexto de incertezas fiscais no Brasil, combinado com o cenário global de juros elevados, pode sim levar o dólar a R$ 7,00.

“A falta de clareza sobre a consolidação fiscal doméstica e a ausência de reformas estruturantes alimentam a percepção de risco. Em paralelo, a política monetária restritiva dos Estados Unidos mantém o dólar valorizado globalmente”, explicou o CEO do Grupo Studio, Carlos Braga Monteiro.

Para 2025, a percepção é de que o câmbio dependerá da capacidade do governo brasileiro de estabilizar as contas públicas e promover um ambiente mais seguro para investimentos.

“Além disso, o desequilíbrio na balança comercial brasileira, intensificado pela queda nos preços das commodities e pela redução da demanda da China, também pressiona o câmbio”, acrescentou André Matos, CEO da MA7 Negócios.

Matos também trouxe sua visão sobre o que é necessário para o mercado brasileiro evitar um cenário ainda mais desafiador: “O governo precisa investir em uma política econômica que combine responsabilidade fiscal, estímulo ao crescimento e maior previsibilidade regulatória.”

“Esse tripé ajudaria não só a conter a valorização do dólar, mas também a melhorar a competitividade da nossa economia no longo prazo”, concluiu Matos.

Com isso, o mercado cambial em 2025 reflete um equilíbrio frágil entre riscos internos e externos.

Juros altos nos EUA tornam ativos norte-americanos mais atrativos

Outro fator que pode impulsionar a valorização do dólar é a política de juros elevados nos EUA, que reduz o apetite por mercados emergentes como o Brasil.

Essa elevação fortalece a demanda global por dólares, pressionando o câmbio. Além disso, a desaceleração econômica da China — maior parceira comercial do Brasil — impacta diretamente as exportações de commodities, como minério de ferro e soja, enfraquecendo a balança comercial brasileira e aumentando o risco cambial.

Esses dois fatores, combinados, ampliam a percepção de risco sobre a economia brasileira, afetando ainda mais a atratividade do real.

Dólar: cenário doméstico deve melhorar para aliviar a pressão sobre o real

Entre os pontos levantados pelos especialistas estão as incertezas fiscais domésticas. “Um ajuste fiscal rigoroso, demonstrando compromisso com a redução do déficit público e a sustentabilidade da dívida, seria fundamental”, comentou Carlos Braga Monteiro, do Grupo Studio.

Além disso, avançar com as reformas tributária e administrativa ajudaria a melhorar o ambiente de negócios. Embora o Banco Central já pratique juros elevados, ajustes pontuais poderiam ser considerados caso a inflação e o câmbio saiam do controle.

Diante desse cenário, especialistas ouvidos pelo BP Money acreditam que a melhoria nas contas públicas, somada a um cenário externo menos adverso, poderia levar o dólar a patamares mais baixos.