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Dólar: fala de Lula fez moeda reagir, mas fecha semana em queda

Moeda subiu 0,46% na sessão desta sexta-feira (27), mas recuou 0,35% na semana

Apesar de ter fechado a sexta-feira (27) com alta de 0,46% a R$ 5,01, o dólar apresentou volatilidade e acumulou perdas ao longo da semana, fechando o período com queda de 0,35%.

Para o BP Money, o head da Be.smart Câmbio, Jaqueline Neo, destacou que a moeda estrangeira perdeu força no período da manhã por conta da divulgação dos números do índice de preços ao consumidor dos EUA (PCE, na sigla em inglês), que veio em linha com o esperado.

“O principal destaque que influenciou na queda do dólar foi a inflação dos Estados Unidos. Foi divulgado, pela manhã, o índice de preços de gastos com consumo (PCE), que é um dos dados inflacionários de maior relevância para o Fed na tomada de decisões relacionadas à política monetária do país”, afirmou.

Porém, no turno da tarde, o dólar virou e iniciou sua valorização ante o real, que culminou no avanço visto na sessão do dia.

O CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo explica que a reação se deu após a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que admitiu que o governo terá dificuldades para cumprir a meta de zerar o déficit nas contas públicas em 2024.

“O dólar passou a subir após a publicação de comentários do presidente Lula a jornalistas de que a meta fiscal para 2024 não precisa ser zero e que “dificilmente” o governo alcançará esse resultado. Logo após os comentários, as taxas de alguns contratos futuros de juros também aceleraram os ganhos, enquanto o Ibovespa renovou as mínimas da sessão”.

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Lula: governo dificilmente vai zerar rombo em 2024

O presidente Lula afirmou nesta sexta-feira (27) que o governo terá dificuldade em cumprir a meta de zerar o déficit primário nas contas públicas em 2024.

“Eu acho que muitas vezes (o mercado) é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que ele sabe que não vai ser cumprida. Então sei da discussão do Haddad, da minha disposição. O que eu quero dizer é que nós dificilmente chegaremos à meta zero”, disse Lula.

A meta de primário zero no ano que vem foi proposta pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) e permite uma margem de flutuação que vai até 0,25% de déficit e 0,25% de superávit. Lula indicou que vai buscar se aproximar ao máximo da meta.

“Tudo o que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal a gente vai cumprir, o que eu posso dizer é que ela não precisa ser zero, a gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que eu tenho que começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse país. Se o Brasil tiver um déficit de 0,25% (do PIB), o que é 0,25%? Nada. Nós vamos tomar a decisão correta – afirmou o presidente.

O déficit primário é o balanço de receitas e despesas, sem considerar o pagamento de juros. Para 2024, enquanto o governo quer zerar esse saldo negativo, o mercado financeiro está projetando déficit próximo a 0,8% do PIB.