O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), afirmou nesta quarta-feira (29) que a desvalorização recente que o dólar tem sofrido frente ao real, mostra que a moeda norte-americana não estava num patamar alto por culpa do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A razão real, na sua visão, foi a eleição do presidente dos EUA, Donald Trump.
Renan Filho comentou também que o mercado financeiro tentou culpar a gestão petista pela situação, pois considerou insuficiente o pacote de medidas fiscais apresentadas pela equipe econômica, em 2024.
“No final do ano passado, tentaram colocar que o dólar subiu [no Brasil] por um problema fiscal. O Brasil cumpriu o arcabouço fiscal e o dólar, de lá pra cá, caiu de R$ 6,20 para R$ 5,86. O que mudou? Nada, as pessoas estão só conhecendo mais de perto o que será o governo dos EUA. Então, o dólar vai convergir”, disse Renan, segundo o “Valor”.
Além disso, o ministro reiterou que a meta fiscal de 2025 e 2026 será cumprida pelo governo Lula.
“Nós estamos com a mínima histórica de desemprego e tem gente que teima em esconder a realidade. O Brasil está na mínima de desemprego porque está na máxima histórica de investimento privado e de consumo das famílias. Nosso governo vai cumprir a meta de inflação; vai cumprir em 2025 e em 2026”, afirmou.
Dólar mais baixo não deve durar muito, diz economista do UBS
O dólar tem engatado recuos consecutivos desde a posse de Donald Trump nos EUA, caminhando para sua sétima sessão em queda nesta terça-feira (28). A moeda voltou à casa dos R$ 5,80, no entanto, devido aos ganhos expressivos de 27% no ano passado, o desempenho atual representa apenas um ganho marginal para o real.
Na visão do economista-chefe do banco suíço UBS, Arend Kapteyn, o dólar não está em rota de queda por conta da ausência de imposição das tarifas de importação dos EUA a outros países.
A perda de força da moeda está respondendo mais à expectativas sobre a trajetória dos juros nos EUA e na Europa, com base nos dados econômicos mais recentes, do que a políticas de Trump, é no que acredita o economista, segundo o “Valor”.
O executivo deu entrevista a jornalistas durante a conferência sobre investimentos para a América Latina do banco (LAIC), realizada em São Paulo.
Com os últimos dados sobre a economia americana apontando para a continuidade do processo de desinflação no país, os investidores voltaram a apostar em mais de um corte dos juros nos EUA neste ano, o que diminuiu a força da moeda.
Mesmo que o Brasil esteja longe do alvo de tarifas específicas de Trump, que mira especialmente a China, sua rival mais direta, as tarifas universais que o mandatário deseja impor não deixaram de ser uma possibilidade.
Por isso, na avaliação de Alejo Czerwonko, diretor de investimentos de mercados emergentes nas Américas da divisão de gestão de fortunas do UBS, o real deve chegar a R$ 6,20 a R$ 6,40 entre o meio e o final deste ano.
“Esperamos essa cotação como uma junção da resiliência da força global do dólar, as tarifas de Trump e a questão fiscal, que permanece um desafio. O governo não está dando sinais na direção certa da responsabilidade fiscal, que é calcanhar de aquiles do Brasil”.