Câmbio

Dólar salta quase 2% aproveitando apreensão com risco fiscal 

Mercado assumiu postura cautelosa enquanto aguardava reunião entre Lula e ministros; Treasuries dos EUA subiram, o que também ajudou o dólar

Foto: Pexels
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Na sessão desta quinta-feira (18), o dólar voltou ao patamar de alta, enquanto os investidores adotaram novamente uma postura mais defensiva e cautelosa na Bolsa brasileira. A moeda comercial teve forte valorização em 1,89%, a R$ 5,58.

O cenário que se forma é de novas questões quanto ao risco fiscal no País. O mercado se preocupa quanto à responsabilidade do governo em cumprir, ou não, as promessas que vem fazendo quanto ao corte de gastos para manter o equilíbrio das contas públicas. 

Na véspera, os agentes do mercado tomaram conhecimento, antecipadamente, de uma entrevista em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou não ser “obrigado estabelecer meta fiscal e cumprí-la”. 

Nesta quinta-feira, o mandatário se reuniu com ministros de seu governo para discutir a situação econômica do País, o que deixou os investidore atentos e cautelosos.

Além disso, outro fator de impacto foram os rendimentos dos Treasuries – títulos do Tesouro dos EUA – visto que os ativos com prazo de 10 anos subiram 5 pontos-base, a 4,19%.

Dólar pode ter novos estresses, mas não chega a R$ 6

Apesar da volatilidade do dólar, Caio Megale, economista-chefe da XP, reforçou que a casa não acredita que a moeda chegará ao patamar de R$ 6,00.

Para o especialista, do início de 2024 até os dias atuais, as expectativas para a cotação do dólar aumentaram, especialmente com a deterioração do fiscal e as alterações nas estimativas de inflação e de juros. Contudo, isso não é suficiente para que as projeções se aproximem dos R$ 6,00.

“A nossa projeção do dólar saiu de R$ 5 para R$ 5,40, o que tem muito a ver com a condução da política econômica – tanto fiscal quanto monetária. No momento em que as variáveis chegam em dúvida, meta fiscal do arcabouço, meta de inflação, a temperatura política subiu exacerbadamente; fica a dúvida se vamos ter uma ‘atropelada política’”, disse Megale, de acordo com o “Suno”.

“Existe uma parte da projeção que fica [mais alta], mas não subimos para R$ 5,70. Não achamos que vai para R$ 6”, acrescentou.