Jackson Hole

Dólar: sinalização de Powell derruba moeda em quase 2%

Jerome Powell discursou no simpósio do Fed (Federal Reserve), o Jackson Hole, e favoreceu as Bolsas globais, mas enfraqueceu o dólar

Foto: Pexels / dólar
Foto: Pexels / dólar

Os ganhos que o dólar conquistou na sessão da véspera foram revertidos no pregão desta sexta-feira (23), pois fechou com forte queda de 1,97% frente ao real, a R$ 5,48. O movimento ocorreu após o presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, afirmar no simpósio de Jackson Hole que “chegou a hora” de cortar a taxa de juros nos Estados Unidos.

“Os riscos de alta para a inflação diminuíram. E os riscos de queda para o emprego aumentaram”, disse Powell.

No discurso, o presidente do Fed também indicou ser improvável que o mercado de trabalho seja uma fonte de pressões inflacionárias elevadas tão cedo.

Como resultado, as apostas nas Bolsas ganharam impulso, ao passo que os rendimentos dos Treasuries e o dólar despencaram. O índice dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,80%, a 100,69 pontos.

“Além disso [o cenário], na minha visão, a percepção de que a economia americana pode ter um “pouso suave”, com desaceleração controlada e inflação sob controle, contribui para esse movimento de queda nos juros futuros e no dólar”, avaliou Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

Rali do Ibovespa pode pressionar queda do dólar?

O mercado financeiro brasileiro tem mostrado sinais de aquecimento, com o Ibovespa atingindo novos recordes intradiários e nos fechamentos. Na última ocasião, o índice fechou, na terça-feira (21), no maior patamar ja registrado da história.

Em paralelo aos “dias azuis” da Bolsa, observa-se que o dólar vem sofrendo uma leve pressão, criando uma expectativa de que a moeda norte-americana caminhe para uma possível redução frente ao real. 

Ao BP Money, Henrique Lucena, sócio e especialista em investimentos offshore da Arton Advisors, destaca que o dólar está sendo pressionado por uma combinação de fatores específicos. 

Entre eles, a possível diminuição das taxas de juros nos EUA e a perspectiva de que o Banco Central do Brasil possa optar por aumentar as taxas de juros para controlar a inflação, em vez de reduzi-las. 

“Hoje, não observamos um fluxo estrangeiro significativo na bolsa, o que poderia influenciar a cotação, já que, quando investidores estrangeiros entram no Brasil, eles vendem dólares e compram reais. No entanto, essa influência é mínima no cenário atual”, explica Lucena.