O dólar enfrentou um mar de negatividade nesta semana de agosto. A moeda encerrou o período com queda acumulada de 0,87% contra o real. Os dados econômicos ajudaram a costurar esse cenário.
Nos EUA, o alívio com os temores de que a economia do país corria risco de entrar em recessão, bem como o desmonte das operações de carry trade com o iene japonês, empurraram os mercados globais a um patamar positivo.
Mas essa perspectiva não foi a única a influenciar o dólar. Os dados da inflação ao produtor nos EUA também exerceram grande força sobre o câmbio. O CPI cresceu 0,2% em julho e 2,9% em 12 meses, o que foi em linha com o esperado pelos especialistas.
“Os dados mantêm os integrantes do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) em modo de espera, pois não resolvem o impasse sobre um corte de 0,25 ou de 0,50 ponto percentual”, disse Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank.
Além disso, ainda no contexto norte-americano, os dados de vendas do varejo e pedidos de auxílio-desemprego também despontaram números positivos. O primeiro indicador cresceu 1% em julho, saindo de uma queda de 0,2% em junho.
“Foram três indicadores importantes que direcionaram os mercados: pedidos de auxílio-desemprego nos EUA, vendas no varejo e dados da produção industrial. O número de pedidos de seguro-desemprego, que ficou abaixo do esperado, demonstra que o mercado de trabalho local também se mantém estável, proporcionando, assim, suporte para uma recuperação global”, indicou Bazzo.
No Brasil, dólar sente o peso de atração causada por bons resultados do 2TRI24
Com os sinais de melhora na maior economia do mundo, o apetite ao risco se estendeu também para os mercados globais, o que favoreceu os ativos de Bolsas emergentes, como o Brasil, mas levou o dólar à perdas.
Além disso, o quadro doméstico está favorável pelo senso de credibilidade que o BC (Banco Central) tem conseguido firmar frente ao mercado. Isto porque as previsões para a inflação brasileira seguem longe da meta estabelecida pela autarquia, o que faz o Copom endurecer o tom, sugerindo, inclusive, uma alta da Selic.
“Hoje (sexta-feira, 16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que, se for necessário aumentar as taxas, isso deve ser feito, o que colabora para a queda do câmbio”, disse o CEO do Transferbank.
“Nessa semana, podemos observar que o investidor estrangeiro segue com apetite para a bolsa brasileira, demonstrando que vê bom crescimento para o país, reforçado pelos bons resultados das empresas em relação ao segundo trimestre de 2024”, avaliou Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
Apesar de nem todas as empresas terem surpreendido positivamente, a exemplo da Cielo (CIEL3), Gol (GOLL4), Petrobras (PETR4) e Azul (AZUL4), uma boa parte das listadas na B3 expressaram números animadores, como os bancos, BTG Pactual (BPAC11), Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Cyrela (CYRE3) e Magalu (MGLU3).
“Em relação ao dólar podemos perceber que estamos em uma faixa de suporte, que vai dos 5,45 ao 5,50, é onde também tem grandes posições de opção de dólar futuro. É possível que, enquanto não romper esse patamar, o dólar possa apresentar algum apetite comprador nesses níveis”, finalizou Fernandes.