Com a garantia matemática do segundo turno pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e 99% das seções totalizadas, por volta das 23h00 (horário de Brasília) do último domingo (2), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) somava 56.854.573 votos, com 48,31%, contra 50.966.092 votos de Jair Bolsonaro (PL), com 43,30%. Para especialistas do mercado financeiro, consultados pelo BP Money, é possível que haja uma reversão de tendência em alguns setores da bolsa de valores de São Paulo (B3) após o resultado preliminar das eleições 2022.
De acordo com Flavio Conde, analista da Levante Investimentos, a eleição para presidente tem um efeito mais setorial do que na bolsa de valores como um todo. Isso porque o que impacta mais o mercado nacional é o mercado externo, que tem sofrido com o aumento de juros e a inflação.
“Seja qual for o resultado do segundo turno, não será suficiente para elevar a bolsa sozinho, em um patamar de 20%, por exemplo, porque o mercado externo está ruim e quem faz boa parte da bolsa doméstica é o investidor estrangeiro. O impacto será mais setorial”, disse Conde.
O analista explicou que desde o mês de agosto houve um movimento setorial a favor do Lula na bolsa de valores.
“Ações de educação subiram bem, porque o Lula voltaria com FIES e ProUni. Setor de construção civil de baixa renda, MRV, Direcional, subiu mais do que as demais construtoras também, porque Lula viria com o Minha Casa Minha Vida turbinado, e vimos Banco do Brasil, frente aos bancos privados, caindo junto com Petrobras e Eletrobras também”, disse Conde.
“O que devemos ver amanhã é uma reversão nessa tendência de setores”, completou o analista da Levante.
Para Conde, o que os investidores devem ver amanhã são empresas de educação focadas em baixa renda em queda e Eletrobras e Petrobras em movimento de alta, pois, mesmo perdendo no primeiro turno, o atual presidente Bolsonaro surpreendeu com o número de votos em relação às pesquisas eleitorais que antecederam a votação.
Para Paulo Luives, da Valor Investimentos, o mercado pode enxergar a inversão do cenário em que Lula seria o vencedor das eleições (com Bolsonaro recebendo votos acima do previsto na maioria das pesquisas que antecederam o primeiro turno) como algo positivo.
“Apesar do cenário ter uma visão de Lula vencendo o pleito, Bolsonaro pode ser visto como uma escolha um pouco mais positiva pelo fato de ter uma continuidade do governo e a manutenção de certas políticas que foram implementadas nos últimos anos, com relação às estatais e a política fiscal”, disse Luives.
“A política contínua que Bolsonaro vem tocando pode ser mais positiva e gerar, talvez, um otimismo maior do mercado com o atual presidente mais forte para o segundo turno das eleições 2022”, acrescentou o assessor de investimentos da Valor.
O próximo presidente da República será definido no dia 30 de outubro, data do segundo turno das eleições 2022.