O Itaú BBA comentou, em resposta a investidores, que enxerga riscos limitados para a Eletrobras (ELET3;ELET6) com o novo governo eleito. Segundo o banco, as mudanças na lei das estatais não teriam implicações na companhia, uma vez que a Eletrobras foi privatizada em junho de 2022. Agora, o poder de voto de cada acionista, incluindo o governo federal, é limitado a 10%.
Com isso, segundo analistas do banco, uma reversão da privatização é improvável, dado o custo da poison pill (mecanismo de proteção contra aquisição hostil). Para tanto, o governo federal teria que fazer uma oferta pública (OPA) para comprar todas as ações dos acionistas minoritários, com um prêmio de 200% sobre o preço mais alto da ação nos mais de 500 pregões anteriores.
Dada a recente queda da ação da Eletrobras, que caíram mais de 13% desde o segundo turno da eleição, o BBA disse enxergar uma grande oportunidade de compra e reitera recomendação de compra para ações ordinárias da elétrica, com preço-alvo de R$ 61,60.
BBA vê catalisadores positivos para a Eletrobras
Os analistas apontaram, ainda, que enxergam catalisadores positivos para a companhia no curto prazo. O primeiro seria a contratação de gestores qualificados para posições-chave, como o negócio de comercialização de energia. Ainda, apontaram uma eventual liquidação de contingências em valor inferior ao registrado em seu balanço; venda de ativos; e simplificação da estrutura acionária, resultando em menor custo e maior agilidade na utilização dos créditos tributários.
Após a privatização, 2.462 empregados da Eletrobras participaram do programa de desligamento voluntário, o que representou 90% dos empregados elegíveis. A empresa tem hoje 10.500 funcionários, mas o número cairá para 8.000 quando a primeira etapa for concluída.
“A Eletrobras deve lançar outro programa de desligamento voluntário no próximo ano, o que pode representar uma redução adicional de 20% no quadro de funcionários”, apontaram os analistas.
Além disso, o banco destacou que a diretoria eleita, que tem mandato até 2025, está protegida de tentativas de mudança na estratégia da empresa.
“Portanto, o governo federal eleito não tem poderes para alterar a diretoria nos próximos anos. Terminado o mandato, nova eleição será realizada, mas o governo federal participará da discussão da nova diretoria, com apenas 10% dos votos. Os acionistas minoritários terão, portanto, mais poder do que o governo federal para escolher a nova diretoria”, explicaram os analistas.
Porém, o maior risco para a Eletrobras , segundo o BBA, é como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) poderia analisar potenciais fusões e aquisições feitas pela companhia. Nesse sentido, analistas explicaram que a Eletrobras pode enfrentar dificuldades para obter aprovação para grandes aquisições, dado seu poder no mercado.
Mesmo assim, o banco não vê este fator como um grande ponto negativo, já o foco deve estar no processo de recuperação e não no crescimento. “Vemos a Eletrobras como um player de dividendos no médio prazo”, disseram.
Por volta das 12h40 (horário de Brasília) desta quarta-feira (14), os papéis da Eletrobras (ELET3;ELET6) operavam em queda de 2,40% e 3,23%, respectivamente.