Volume de financeiro sobe quase 11%

Em meio a patamar histórico, a Bolsa brasileira está barata?

No último mês, o Ibovespa bateu consecutivos recordes históricos até atingir o pico dos 137 mil pontos

B3/Reprodução
B3/Reprodução

Ao tomar como referência as companhias competitivas no mercado internacional, a Bolsa de Valores brasileira, B3, tem se mostrado como um mercado de oportunidades de compra.

Assim avalia Álvaro Bandeira, coordenador da Comissão de Economia da APIMEC Brasil (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil), em resposta ao BP Money.

“Apesar de algumas atuações tempestivas de nosso poder executivo, de nosso presidente principalmente em relação a empresas e setores – obviamente Eletrobrás, Petrobrás, Vale, são empresas de que ele volta e meia fala sobre isso– , o Brasil segue no radar dos investidores globais”, avaliou o economista com meio século de experiência em mercado de capitais.

No último mês, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileira, bateu consecutivos recordes históricos, até atingir o pico dos 137 mil pontos, casa nunca visitada pelo marcador em toda sua história até 28 de agosto.

Para fortalecer o cenário que permite uma perspectiva otimista, em agosto, o fluxo estrangeiro na B3 confirma sua recuperação, marcando o segundo mês do ano com saldo positivo. 

Durante o mês, ingressaram R$ 10,013 bilhões, oriundos de compras totais de R$ 339,866 bilhões e vendas de R$ 329,853 bilhões.

O que, por sua vez, impulsionou no volume de financeiro médio das negociações de ações na Bolsa, que somente no último mês cresceu quase 11%, frente ao mesmo período do ano passado, alcançando R$ 28,191 bilhões. Comparado a julho, houve uma elevação significativa de 30%.

Além disso, ainda em agosto, pela primeira vez no ano, a Bolsa brasileira fechou o mês com todos os seus principais índices (26) no azul.

Bandeira ressalta que a atratividade do mercado de capitais nacional, em relação ao capital externo, é impulsionada pelo elevada valorização do dólar.

“Com o dólar valorizado do jeito que está, torna a inversão de recursos mais atraentes no curto e médio prazo, principalmente. Isso explica, por exemplo, a volta recente dos investidores estrangeiros aplicando liquidamente no mês de agosto R$ 10 bilhões no segmento acionário, mas ainda com retiradas líquidas no que diz respeito a 2024 da ordem de R$ 19 bilhões”, explica.

Questão de perspectiva sobre a valorização da Bolsa

Especialista em finanças e investimentos Hulisses Dias explica que, sob sua perspectiva, a bolsa brasileira está atualmente mais bem precificada do que no final do primeiro semestre, especialmente com a iminência de um novo ciclo de alta na Selic, o que pode impactar negativamente os resultados futuros das empresas. 

“A bolsa estar cara ou barata pode ser vista sob duas óticas distintas. Quando os múltiplos estão retraídos, significa que as incertezas estão maiores, levando os investidores a preferirem investir em ativos de menor risco”, disse. 

No entanto, ele ressalta que ainda existem oportunidades em setores específicos, como commodities, citando a Vale e outras empresas do setor que, apesar da alta recente, permanecem com preços atrativos.

“Por outro lado, quem investe em ações com foco no longo prazo, enxerga estes períodos como grandes oportunidades de acumulação, pois em algum momento as perspectivas negativas darão lugar ao otimismo, que faz o preço das ações subirem.

Dias observa que a percepção de a bolsa estar cara ou barata pode variar conforme a ótica adotada. Com múltiplos retraídos, as incertezas aumentam, fazendo com que investidores busquem ativos menos arriscados. 

Em contraste, investidores de longo prazo veem esses períodos como oportunidades para acumulação, antecipando que a atual fase negativa eventualmente dará lugar a um cenário mais otimista, elevando os preços das ações.