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Empiricus fecha corretora e volta a focar em análise

Felipe Miranda, sócio-fundador, passa a ser estrategista-chefe de Research

Dois anos e meio após ser adquirido pelo BTG Pactual, o Grupo Empiricus está passando por um processo de reestruturação. A plataforma Empiricus Investimentos, anteriormente conhecida como Vitreo, será encerrada a partir de 9 de dezembro, após três meses de integração ao aplicativo do BTG, coexistindo com a marca do banco. Felipe Miranda, sócio-fundador do grupo e ex-CEO da corretora, assume o papel de estrategista-chefe na divisão de análise, onde a Empiricus teve seu início em 2009.

O retorno às raízes, conforme destacado por Miranda, não representa um enfraquecimento do grupo dentro do BTG, mas sim um fortalecimento da Empiricus Research. “O foco agora é primeiro fazer os clientes da Empiricus ganharem dinheiro. O segundo é o research [área de análise de investimentos] servir a todo o BTG Digital. Não consigo ver o que vai ser depois. Vou focar no mandado que me foi dado para 2024”, diz.

A Empiricus Gestão, responsável pela administração dos fundos de investimento formados com base nas análises da Empiricus Research, mantém suas operações de forma regular.

Encerramento da corretora

O encerramento da corretora representa um revés significativo e carregado de simbolismo para o Grupo Empiricus, que foi vendido em maio de 2021 por R$ 440 milhões à vista, mais R$ 250 milhões em ações do BTG. Naquela época, Felipe Miranda expressava ambições consideráveis para a nova fase. Em uma entrevista ao site Neofeed, ele afirmou que, se fosse convocado pelo BTG, estaria disposto a ser um “soldado do banco”.

De acordo com Miranda, o desempenho do grupo foi afetado pela forte e veloz elevação dos juros básicos do país de 2% a 13,75% ao ano. “Não nos arrependemos da venda da companhia. Mas todo o movimento de ‘financial deepening’ [termo em inglês usado para se referir ao aprofundamento e aumento da oferta de serviços financeiros à população] encontrou adversidades. Talvez não possamos realizar todos os nossos sonhos mas possamos viver uma ótima realidade”, diz.

“Sem querer depreciar, a corretora era a nossa menor vantagem competitiva porque é um serviço ‘commoditizado’, e não era nossa maior expertise”, garante. O sócio-fundador da Empiricus afirma que agora poderá não só ter sinergias que reduzam custos, como, por exemplo, compartilhamento de tecnologia, mas também que elevem receitas.

Ele diz que a área de análise enfrentava resistência de assessores de investimento, que a via como concorrente. “Os fundos da Empiricus tinham dificuldade de penetrar com os agentes autônomos, e agora isso não mais acontecerá. Tanto a captação dos fundos da gestão quanto os conteúdos da Research ganham poderoso canal de distribuição e todos passam a servir ao digital.” Além disso, haverá pacotes de relatórios para os assessores parceiros do BTG. “É um ganha-ganha”, diz.

O braço de análise também experimentou uma redução desde 2021. Naquela época, contava com 425 mil assinantes dos relatórios, enquanto atualmente possui 370 mil, de acordo com Miranda. O executivo menciona que as taxas de juros elevadas por um período prolongado resultaram em uma “destruição de valor” nos fundos. Agora, ele avalia que o ciclo de cortes das taxas de juros tende a beneficiar a Empiricus Research. “A maré baixou, todo mundo viu quem estava nadando pelado. Não fomos brilhantes, mas fizemos um trabalho consistente, preservamos o capital dos clientes. E agora iniciamos um novo ciclo.”

Miranda relata que, ao decidirem vender o grupo para o BTG, ele e os sócios Caio Mesquita e Rodolfo Amstalden enfrentaram críticas de defensores de uma abertura de capital na bolsa. No entanto, ele destaca que não enxerga essa mudança como um retrocesso. “Diziam que conseguiríamos R$ 10 bilhões com o IPO [oferta inicial de ações, na sigla em inglês]. Fizemos uma opção heterodoxa e sabíamos que esse era um caminho razoavelmente natural, porque o banco é muito grande. Obedeceríamos a novos senhores.”

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