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Empresas do setor imobiliário podem abrir filão de IPOs em 2024

Após 2023 passar em branco em novas IPOs, 2024 pode mudar esse cenário

Após 2023 passar em branco em novas ofertas públicas iniciais (IPOs, em inglês), 2024 pode mudar esse cenário, com diversas empresas se posicionando nos bastidores para ingressar na B3.

Um setor onde esse movimento acontece com mais clareza é o imobiliário. De acordo com fontes do IM Business, a Vitacon está em tratativas para ingressar na Bolsa este ano. Além dela, Pacaembu Construtora, You,Inc e as mineiras BRZ e Emccamp estão aguardando o momento certo para se listarem.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc), Luiz França, há espaço no mercado para novas entrantes. Hoje, do alto padrão ao Minha Casa Minha Vida, há mais de 30 companhias do setor listadas na B3.

“O grande número de incorporadoras de capital aberto mostra um interesse do investidor em um mercado com muito potencial diante do déficit habitacional do país”, afirma França. “O déficit habitacional hoje é de 7,8 milhões de moradias. Para os próximos 10 anos, há a necessidade de se construir mais de 11 milhões de moradias. Então, tem mercado para todas as incorporadoras.”

Tatiana Muszkat, CMO da You,Inc, que atua no alto padrão, confirma que a empresa está aguardando o momento certo para efetuar esse movimento. “Uma empresa que quer abrir seu capital precisa se preparar e se planejar com antecedência. E a You,Inc vem se preparando para aproveitar o mercado favorável quando surgir uma janela de oportunidade”, diz a executiva, filha de Abrão Muszkat, fundador e CEO da empresa, que tentou fazer o IPO em 2020, mas optou por retardar o movimento diante das incertezas ocasionadas pela Covid-19.

Movimento similar é o da Pacaembu Construtora, uma das principais operadoras do Minha Casa Minha Vida com foco na Faixa 1. “A Pacaembu Construtora está preparada desde 2020 para a abertura de capital com registro de companhia aberta Nível A junto à CVM. Estamos nos relacionando com investidores do setor que têm reconhecido o potencial e a diferenciação do modelo do nosso negócio”, afirma Victor Almeida, presidente-executivo do conselho de administração da construtora.

De janeiro a setembro de 2023, os lançamentos da companhia somaram R$ 924 milhões e as vendas líquidas atingiram R$ 998 milhões, um crescimento de 15,8% e 16,2%, respectivamente, frente a 2022. Sua receita líquida chegou a R$ 866 milhões e o lucro líquido atingiu R$ 88 milhões, um crescimento de 35,6% e 421,7%, respectivamente, na mesma base de comparação.

Analistas estão esperançosos com novos IPOs

De acordo com Ricardo Rodil, líder de Mercado de Capitais da Crowe Macro Auditores e Consultores, com a alta da taxa Selic nos últimos dois anos, os agentes financeiros deram preferência por ativos de baixo risco, mas que ofereciam uma alta rentabilidade. Com isso, o cenário não foi propício para a ocorrência de novos IPOs.

“Com taxas Selic alcançando 13,75% ao ano, a opção por ativos de menor risco foi o caminho natural de boa parte dos investidores. Com os juros altos, os recursos colocados em investimentos de risco foram drasticamente reduzidos e, quando arriscavam algum investimento em renda variável, seguramente a opção era por empresas já consolidadas”, explicou Rodil ao BP Money.

“Neste cenário, nos últimos dois anos, os investimentos no mercado foram muito mais endereçados aos chamados ‘follow ons’, expressão em inglês para designar emissões adicionais de ações levadas ao mercado por empresas que já são de capital aberto”, acrescentou.

Para Rodil, diante das recentes quedas da taxa de juros, é natural que os investidores voltem a alocar capital em ações da Bolsa. Por conta disso, ele acredita que 2024 será um ano de retomada para os IPOs.

“Com a Selic em trajetória de queda, começaram a se formar as condições para uma retomada dos investimentos em renda variável. Entre eles, a compra de ações em Bolsa. Dado que essas condições ainda estão em formação, o movimento que vejo como mais lógico é que em 2024 somente companhias bastante consolidadas abram seu capital e que apenas em 2025 vejamos empresas médias chegando ao mercado aberto”, afirmou o analista.