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Engie (EGIE3): JPMorgan corta recomendação do papel para venda

Ações da companhia elétrica teviveram desempenho superior aos pares do setor

O JPMorgan não vê potencial de valorização da Engie (EGIE3) e cortou a recomendação de neutro para equivalente à venda, com base no preço-alvo de R$ 44.

Analistas destacam que a ação da companhia elétrica teve desempenho superior aos pares do setor em 7,1 pontos percentuais no acumulado do ano, apesar de ser um ativo de beta inferior com duração abaixo da média no universo de cobertura do banco.

Nesse sentido, o JPMorgan acredita que o desempenho positivo seria justificado por ser um ativo sensível às taxas de juros, um porto seguro em um cenário de queda nas taxas, mas não esperava tal desempenho em vista dos fundamentos fracos do segmento (baixos preços de energia, perspectivas desafiadoras para energias renováveis) e alguns resultados trimestrais aquém das expectativas.

Além do desempenho superior, analistas destacam que a avaliação da ação agora está apertada com taxa interna de retorno (TIR) implícita de 8,6%.

Outro aspecto levantado pelo JPMorgan é a necessidade de desalavancagem da empresa. Com o pagamento em dinheiro de R$ 2,3 bilhões pela Atlas Energy mais R$ 6,8 bilhões em capex, o investimento total em 2024 ultrapassará R$ 9 bilhões. Com isso, o banco projeta que a Engie atinja uma alavancagem financeira de 3,5 vezes Dívida Líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações0 até o final de 2024.

Segundo a equipe de gestão, esse nível não é confortável para a Engie Brasil, que buscará alternativas para desalavancar rapidamente e estar pronta para buscar novas oportunidades de crescimento. Para desalavancar em 1 vez, a companhia precisaria reduzir a dívida líquida em quase R$ 7 bilhões. Uma dessas medidas, já considerada no modelo do JPMorgan, envolve manter o pagamento de proventos em relação ao lucro mais próximo do mínimo de 55% para navegar por este ciclo de capex.

Na opinião do JPMorgan, não se pode afastar um cardápio limitado de outras opções de desalavancagem: venda de ativos, emissão de ações preferenciais ou até mesmo um aumento de capital. Algumas dessas medidas podem diluir a participação dos acionistas, reforçando a classificação de venda.

Para analistas, a estratégia da Engie não está totalmente alinhada com as expectativas do mercado. A Engie Brasil é atualmente o maior investidor em projetos de energia renovável sob cobertura do banco.

Engie aprova JCP de R$ 145 mi; veja valor por ação

O Conselho de Administração da Engie aprovou o pagamento de JCP (Juros Sobre Capital Próprio) aos acionistas. O valor bruto será de R$ 145 milhões, correspondentes a R$ 0,17771181551 por ação.

Os valores estarão sujeitos ao imposto de renda na fonte, à alíquota de 15%, exceto para os acionistas comprovadamente imunes ou isentos

O pagamento da JCP ocorrerá em 31 de dezembro de 2023, com base na posição acionária de 21 de dezembro de 2023. A companhia informou que suas ações serão negociadas ex-juros sobre o capital próprio a partir de 22 de dezembro de 2023.